Gigantes, médios e pequenos antecipam futuro no comércio eletrônico

Os números também evidenciam a mudança do comportamento do consumidor durante a pandemia.

Por Wagner Casemiro

Os gigantes do comércio eletrônico tiveram ganhos superlativos entre um ano e outro, no contrafluxo da pandemia. O período de confinamento – e o forte movimento de digitalização trazido por ele, que abriu vias rápidas de crescimento para o e-commerce – adiantou em dois anos as estimativas de crescimento de titãs como o Mercado Livre. Mas também as pequenas e médias empresas estão se saindo muito bem.
Os números também evidenciam a mudança do comportamento do consumidor durante a pandemia, uma vez que o e-commerce ganhou novos compradores. Mais de 10 milhões de pessoas que nunca tinham comprado pela internet antes da pandemia começaram a adquirir produtos pela internet e gostaram, incorporando esse hábito em seu dia a dia.
Por outro lado, quem já estava familiarizado com as compras online começou a encontrar itens diferentes. Isso fez com que a penetração do e-commerce no varejo dobrasse de 5% para 10% em menos de um ano. E é fato que as redes sociais funcionaram e continuam sendo a porta de entrada nesse sentido, ao facilitar o alcance do lojista ao seu consumidor.
No mundo, o faturamento do comércio eletrônico bateu os US$ 4,28 trilhões, representando aumento de 27,6%. No Brasil, o crescimento foi disparado, chegando a 47%. Por conta do isolamento social, 46% dos brasileiros aumentaram as compras online e 7% realizaram a primeira experiência.
As PMEs de e-commerce registraram aumento de 185% entre 2019 e 2020 e, neste cenário, as redes sociais assumiram papel fundamental: representaram um terço dessas vendas. No último ano, as compras realizadas por intermédio das redes sociais saltaram de 22% para 34%, aponta a 6ª edição do estudo NuvemCommerce, realizado pela Nuvemshop. A plataforma conta com mais de 70 mil lojas virtuais, em sua maioria, de PMEs.
O Instagram tem se destacado pela importância na estratégia dos lojistas e já corresponde a 87% das vendas. Dentre todos os empreendedores, 57% afirmam utilizar a ferramenta Instagram Shopping, enquanto a Loja do Facebook é utilizada por 46%. Embora outros canais de venda tenham sido mencionados pelos comerciantes, 21,5% afirmaram que não usam nenhum outro canal além de sua própria loja virtual, segundo o estudo.
Entre os entrevistados, 96% utilizam o Instagram para divulgação da marca, 80% estão no Facebook e 71% estão no WhatsApp, que apresentou aumento de 13 pontos percentuais em relação ao ano anterior. O TikTok aparece pela primeira vez no levantamento, já utilizado por 15% dos lojistas. No quesito atendimento, o Whatsapp já é adotado por 95%, consolidando-se como principal canal, seguido por Instagram (83,5%), E-mail (51%), Facebook (49,5%), Telefone (42%), Chat on-line (17%) e outros (5,5%).
Para comprovar essa tendência, veja este depoimento: “Não fique em um só canal: ganha mais quem investe em loja própria, marketplaces, aplicativos e redes sociais, tudo ao mesmo tempo”, recomendou Stelleo Tolda, presidente do Mercado Livre para a América Latina, em entrevista à revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, edição de fevereiro-21. O Mercado Livre teve 62% de aumento nas vendas em 2020 em relação ao ano anterior. “A crise provou que não dá para depender exclusivamente do cliente que entra porta adentro de sua loja”, acrescentou o executivo.
A matéria da revista PEGN “comemora” que a pandemia transformou o e-commerce Mercado Livre, que já era uma das empresas mais valiosas da América Latina, em um titã regional. Do início da crise da covid-19, em março, até agora, o valor de mercado da companhia, listada desde 2007 na bolsa americana Nasdaq, saltou de US$ 27 bilhões (R$ 145 bilhões) para quase US$ 77 bilhões (R$ 415 bilhões), alta de 185%. O feito levou o marketplace a ultrapassar nomes tradicionais da economia brasileira em valor de mercado, como Petrobrás e todos os grandes bancos.

* Wagner Casemiro é Secretário Municipal de Habitação de Atibaia, Professor Universitário Especialista em Administração, Contabilidade e Economia e Representante do CRA – Conselho Regional de Administração Atibaia.