Feiras livres reforçam movimento da economia local

As feiras livres, além de suprirem com qualidade a alimentação da população, também contribuem com a economia local. As rendas geradas possuem como principal destino o comércio urbano, mas também atingem segmentos ligados à produção rural. É uma dinâmica que merece a atenção dos gestores públicos, dos economistas e administradores e das lideranças comunitárias.
É difícil imaginar alguma cidade, bairros como os nossos Alvinópolis e Imperial, que não tenham uma feira. Essas reuniões de barracas ao ar livre, onde se pode seguir os protocolos da pandemia, são também um fenômeno de comunicação presencial em um mundo tomado pelas mídias sociais/virtuais. Clientes e feirantes desenvolvem formas linguísticas peculiares.
É fácil lembrar que as feiras livres levam às nossas mesas, muitas vezes sem atravessadores, mercadorias de qualidade, possibilitando que muitas famílias tirem seu sustento desse tipo de negócio. Que o diga nosso amigo Paulo Feirante, da Associação de Feirantes de Atibaia. Mas são igualmente festas culturais. Vemos ali personagens caraterísticos e carismáticos, gêneros peculiares de cada região e que moldam as pessoas como povo. Cada região tem uma maneira de organizar a feira, cada lugar tem seus cheiros e suas especificidades. Ir à feira é mais que fazer compras – é também se divertir. Nos últimos mandatos, a Prefeitura valorizou a feira como importante para a economia local.
As feiras livres no Brasil existem há muito tempo. Uma data encontrada na internet é 25 de agosto de 1914, que rememora a primeira feira livre organizada, no bairro de Santa Efigênia, na Capital. Em Atibaia, como em muitas cidades do Brasil, verificamos uma mudança, que é a criação de feiras “orgânicas” ou agroecológicas, com base na produção rural que não utiliza agrotóxicos e busca uma alimentação saudável, frequentemente associada aos paladares veganos e vegetarianos.
Segundo a cientista de alimentos Manuela Silva Silveira, ligada à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP), houve uma recente revalorização das feiras, a partir da qualidade dos alimentos que são disponibilizados. Ela ressaltou ainda a relação de proximidade entre quem compra e quem produz e comercializa nessas feiras: “Esse alimento muitas vezes é vendido pelo próprio produtor; a partir dessa relação direta de comercialização, o consumidor consegue obter muito mais informação sobre esse produto, como ele é feito e de onde ele vem”. Nesse sentido, o próprio consumidor se sente mais informado do que no supermercado, que é predominante no comércio urbano mas onde figuram apenas rótulos.

* Wagner Casemiro é Secretário Municipal de Habitação de Atibaia, Professor Universitário Especialista em Administração, Contabilidade e Economia e Representante do CRA – Conselho Regional de Administração Atibaia.