O primeiro espaço cultural de Atibaia

Com o título “A primeira casa de diversões” o autor descreve de forma brilhante o histórico do fato.

Márcio Zago

Nos anos trinta, do século passado, Waldomiro Franco da Silveira passou a publicar nas páginas do jornal “O Atibaiense”uma série de artigos a respeito da formação histórica do município. Esse material integrou mais tarde o livro “História de Atibaia”, publicado em 1950.
De lá tiramos a descrição sobre o primeiro espaço para atividades culturais que surgiu na cidade, datando do final do século XIX. Com o título “A primeira casa de diversões” o autor descreve de forma brilhante o histórico do fato.
Vale a pena mantê-lo como foi escrito. “Até meados de 1875 não havia Teatro em Atibaia; a primeira casa de diversões de que temos notícia, localizava-se num prédio de avantajadas proporções, situado na atual Rua José Bonifácio (naquele tempo Largo do Alegre, hoje Praça Bento Paes) construção de Joaquim de Almeida Passos. Foi nesse prédio improvisado em Teatro, que os nossos avós tiveram ensejo de assistir pela primeira vez, peças teatrais levadas a cena por comparsas atibaianos… Num lugar pequeno e de poucos recursos como deveria ser Atibaia de então, seria difícil manter um conjunto homogêneo que pudesse proporcionar às famílias recreação adequada. Que divertimentos poderia comportar aquela época?As raras companhias dramáticas existentes estavam impossibilitadas de se exibirem aí, por falta de local apropriado…
No texto o autor cita ainda o nome dos primeiros amadores da cena teatral do município que teve noticias: Joaquim de Almeida Passos, proprietário da casa onde funcionava o “teatro”, e João Baptista do Amaral Bueno, o João Pais. Na época a cidade ainda mantinha a pecha de “cidade triste”, em função dos limitados recursos sociais existentes. As ruas não eram calçadas, não havia automóveis e nem luz elétrica.
No censo de 1900 registrava-se a existência de 308 casas e dois assobradados no perímetro urbano. Não é difícil imaginar a importância desse espaço cultural para os moradores elitizados da época. Waldomiro Franco da Silveira deixa claro que, para ele, o primeiro Teatro “de verdade” só surgiria mais tarde, em 1884. Esse fato também foi descrito nas páginas seguintes do citado artigo, quando destaca o trabalho do jovem Juvenal Alvim e o surgimento do que ele chamou de “O Primeiro Teatro de Atibaia”. Mas isso é assunto para outra ocasião.

Márcio Zago é artista plástico e artista gráfico de formação autodidata, fundador do Instituto Garatuja e autor do livro “Expressão Gráfica da Criança nas Oficinas do Garatuja”. É criador e curador da Semana André Carneiro.