O lado bom de usar máscara neste período conturbado

A máscara pode ser um alívio para quem sofre de ansiedade social. Também exige que cuidemos da emissão da voz, falando com clareza. Sem proteger o nariz ou pendurada na orelha, fica sem estética e indica excesso de relaxamento diante da tensão pandêmica. Com a previsão científica de que teremos de usá-la ainda por um bom tempo, mesmo depois da vacinação e da redução de mortes, o melhor é incorporar – pelo menos, para sofrer menos.
A adoção generalizada de máscaras faciais, por conta do risco do coronavírus, é um alívio para os introvertidos, que já evitavam interações sociais muito antes das atuais restrições sanitárias. Eles vão a supermercados em horários determinados para evitar esbarrar em velhos amigos e conhecidos pela cidade, achando esses encontros espontâneos “extremamente estranhos”. A redução da sociabilidade é um bálsamo para essas almas mais solitárias. Há quem espere que, mesmo após o fim da pandemia, ainda seja socialmente aceitável usar máscara.
Usar máscara é, para a maioria, um sacrifício chato, mas válido: é uma das maneiras mais eficazes de reduzir a disseminação da covid-19. Ainda assim, a maioria de nós aguarda ansiosamente o dia em que vai poder mostrar o rosto em público novamente. As máscaras embaçam nossos óculos e obstruem nossos poros; tornam mais difícil sorrir para estranhos e reconhecer amigos. Os esteticistas tiveram de desenvolver soluções em cosméticos para corrigir reações da pele de quem tem de passar o dia inteiro de máscara.
A mídia está identificando mecanismos psicológicos que se agravaram durante a pandemia. Mais depressão, angústia, ansiedade. Na extremidade mais leve da escala, algumas pessoas descobriram que usar máscara oferece um alívio bem-vindo das pressões para manter padrões rigorosos de aparência. Você pode, finalmente, “esculachar”. Há os que abandonaram suas velhas rotinas de se maquiar e barbear — e estão economizando dinheiro, tempo e estresse. Outros descobriram que esconder a boca proporciona liberdades inesperadas, além de poupar a voz e as palavras. Atendentes de restaurantes e redes varejistas dizem que não se sentem mais obrigados a dar um sorriso falso para os clientes, aliviando potencialmente o fardo emocional do trabalho.
Os especialistas ouvidos por jornalistas reconhecem que as máscaras podem fornecer uma trégua de coisas, liberando nossa mente quando estamos em público. Você tem mais liberdade para meditar ou pensar sobre o que quiser. Sair de casa e ir até o supermercado ficou mais fácil. Ficou mais raro ter de parar no caminho para conversar com conhecidos. Ficou mais fácil escapar de conversas desagradáveis, porque a pressa em ambientes públicos está mais do que justificada pela pandemia. Enfim, há pontos positivos neste difícil momento que atravessamos.Mas os extrovertidos e negacionistas não vão concordar com essas ideias. Tudo bem!

Por Luiz Gonzaga Neto