Empresas iniciantes do tipo “unicórnio” criam grande expectativa no mercado

A criatividade, principalmente dos jovens, alimentou bastante a ideia de que o mercado é uma gangorra em que você pode, de uma hora para outra, subir para a glória graças a investidores salvadores. Um dia, na garagem; no fim de semana seguinte, no andar mais alto dos complexos empresariais, chegando ao modelo “unicórnio”, sucessos de empreendedorismo que alcançam valores bilionários. Só que a realidade mostra uma face mais dura. A criatividade continua essencial para o arejamento e a vitalidade dos negócios, exigindo em contraparte a boa organização dos negócios e dos procedimentos administrativos.
Como professores, nossa obrigação é alertar para o risco da falta de estrutura, fundamental para crescer, e para a ausência de rentabilidade. A revista IstoÉ Dinheiro fez matéria de capa sobre o assunto e citou: de acordo com dados divulgados pelo Investopedia e pelo site especializado em tecnologia Review 42, a taxa de fracasso entre startups atinge nove em cada dez empresas. E 21,5% morrem em 12 meses. Segundo a ACE Startups, no Brasil 78% das que captam investimento desaparecem após o “seed” – a injeção de dinheiro (de US$ 500 mil a US$ 3 milhões) feita nos estágios iniciais de maturidade do negócio. E sobreviver é só o começo.
Segundo a revista, as startups passaram a ganhar maior relevância devido à conjuntura econômica global, Há hoje uma oferta inédita de capital em busca de retorno alto em um mundo de juro baixo. E empresas inovadoras têm atraído esses aportes. Em 2020, a captação no Brasil chegou a US$ 3,5 bilhões, em 469 rodadas efetivadas. Algumas startups raras, com escalabilidade e capilaridade, transformaram-se em unicórnios, com valor dos ativos acima de US$ 1 bilhão. O País possui hoje 16 delas, segundo a ABStartups (Associação Brasileira de Startups).
A revista IstoÉ alertou que esse movimento é acompanhado de boas doses de ceticismo. Esses unicórnios, em sua maioria, mantêm números fechados sobre faturamento e rentabilidade, o que gera especulação sobre seu real tamanho, que pode parecer grande sem base estruturada. Assim, ter propósito transparente tornou-se praticamente um ativo indispensável para o bom desempenho dessas empresas iniciantes. Os analistas recomendam: ter foco, ética e não cometer erros no meio do caminho.
Entende-se também que a morte prematura da maioria das startups ocorre porque as empresas não possuem um produto ou serviço de valor agregado. O empreendedor precisa resolver um problema real. Outro consenso é de que, no risco, existe de fato a oportunidade. O mercado de tecnologia e inovação, que trabalha para consumidores cada vez mais conectados e abertos a novas tecnologias, comprovou sua resiliência e visão de longo prazo. Por isso mesmo, 2021 é visto com otimismo.
Mais companhias, maior possibilidade de unicórnios. Acrescente-se a esse molho importantes ingredientes que fazem a receita atraente: há grande liquidez no mercado e os investidores capitalizados estão à procura de boas oportunidades para aumentar sua rentabilidade, já que os juros baixos e o dólar nas alturas estimulam aplicações em empresas. O dinheiro do Brasil está barato. E, diante disso, os unicórnios que conseguirem transformar os aportes em valor aos acionistas, com crescimento de receitas e de margem, não irão derreter.
Os pés no chão dos líderes, a manutenção da governança e o compliance ajustado são outros fatores que devem ser levados em conta para a saúde econômica e a sequência evolutiva da marca, lição que serve para todas as integrantes do ecossistema. Exemplos de sucesso e de fracasso estão na matéria da IstoÉ Dinheiro, cujo link é https://www.istoedinheiro.com.br/voce-acredita-em-unicornio/.

Por Wagner Casemiro