Empresas apostam em equipes multigeracionais e harmônicas

Como estou na terceira idade, mas ainda na ativa como servidor concursado da Câmara de Atibaia, estou sempre de olho no mercado de trabalho. Fiz minha inscrição no Linkedin, que oferece vagas direcionadas aos candidatos e notei que, para mim, analisar as exigências e atribuições é sempre muito enriquecedor para avaliações e atualizações. Quando você não precisa de emprego no curto prazo, está na melhor condição para garimpar oportunidades, desenhando o futuro. Não dá para pensar na aposentadoria como fim de carreira. Pelo contrário!
Com o envelhecimento da população, as empresas vão despertar cada vez mais para a necessidade de equipes multietárias, com gente de várias gerações interagindo em torno de projetos. Olhar para trás é fácil e cômodo, mas entendia e paralisa. O fundamental é olhar para a frente. Aprender tecnologias, ler bastante, participar de cursos e se manter em dia com as tendências.
Para isso, meu neto é uma excelente fonte, assim como profissionais jovens e aqueles muito experientes que atuam na área acadêmica, no poder público e em setores diversos da economia. Os especialistas dizem que haverá uma virada de perfil, que transformará o território dominado por jovens em um país grisalho em 2030.
Previsões do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) dão conta de que na data citada os idosos chegarão a 41,5 milhões (18% da população) e as crianças de até 14 anos serão 39,2 milhões (17,6%). Seremos mais avós do que netos. Até 2050, a quantidade de pessoas idosas vai triplicar no país, alcançando 66,5 milhões de brasileiros — quase 30% do todo. Esses dados implicam em muitas mudanças que vão desde questões sociais, econômicas, de saúde e também no mercado de trabalho.
Afinal, como promover a inclusão de profissionais com mais de 60 anos quando ainda há preconceito a respeito de idade? Segundo Mórris Litvak, fundador da MaturiJobs, plataforma de empregos para pessoas com mais de 50 anos, o primeiro passo é compreender que o convívio entre as gerações deve ser encarado de forma positiva.
“As empresas que notam isso saem na frente. O envelhecimento da população não é uma tendência, é uma realidade”, diz Mórris. Segundo ele, pessoas com mais de 50 anos costumam faltar menos ao trabalho, o que diminui o índice de absenteísmo, são mais pontuais, e reduzem o turnover das empresas — uma vez que registram alto tempo de permanência nas companhias.
“Em resumo, o idoso no mercado de trabalho ajuda a reduzir os gastos das empresas. E essa nem é a principal vantagem de empregar esse público”, diz o executivo, que elenca a troca de experiência entre as gerações e o poder de compreender as pessoas com mais idade como diferenciais desse público. “Se o Brasil está envelhecendo, por que não contratar pessoas mais velhas para desvendar o que esse novo comprador quer consumir?”, questiona.
Segundo matéria divulgada pela CNN, citando o filme “O senhor estagiário” (com Robert De Niro), as empresas brasileiras estão bem preparadas para ambientes de trabalho multigeracionais. O artigo reforça a ideia de que colaboradores de todas as idades podem contribuir para uma cultura organizacional harmônica e inclusiva. Segundo o relatório Novo Pacto Social: Empregadores Amigáveis a Todas as Idades, desenvolvido pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, 72% das companhias do país possuem iniciativas para incentivar a inclusão de profissionais de todas as faixas etárias. Garotada, vocês terão nos aturar durante um bom tempo!

Por Luiz Gonzaga Neto