Uma breve história de Atibaia – Pouso das Bandeiras

por Renato Zanoni (in memorian)

Fernão Dias liderava a paz junto aos Pires, correndo o ano de 1660, tinha ele a simpatia do Prior da Igreja do Carmo. Mas, o Prior era amigo de Jerônimo de Camargo que já fora seminarista. Jerônimo que agora era fazendeiro das bandas do Rio Atibaia se comprometeu a dialogar com Ortiz de Camargo e os outros seus irmãos, na empreitada da paz. Que fora sacramentada no registro da Câmara, pela Provisão.

Pelo Ato Régio, todas as minas das Gerais pertenciam aos paulistas. A demanda das bandeiras ao sertão continuava e na Fazenda de Jerônimo havia sempre o pouso disponível. Presume-se que Marcelino tenha trazido tudo o que era possível para se organizar uma casa grande de fazenda. Ana de Cerqueira, esposa do desbravador trazia numa mula o seu oratório de viagem e dentro dele a imagem de São João Batista Menino, o orago da Fazenda.

Em todas as terras paulistas o homem era o mesmo, vindo de Portugal ou nascido de portugueses. As construções dos sítios eram idênticas. Mas não tinham o requinte dos riscos projetados em Lisboa ou em Cabo Verde. Adaptadas aos nossos rigores, a proteção contra ataques indígenas, a pobreza do material usado ou o descaso dos seus proprietários. A praticidade também promoveu para que as construções rurais fossem rústicas. As casas grandes dos senhores, sempre esparramadas e alpendradas, o engenho, a senzala, a tulha e o paiol, sempre iguais.

O mobiliário era de extrema necessidade, camas, mesas, bancos, potes de barro e gamelas de madeira. E a louça de Portugal, por vezes muito fina, colocada em grosseiras prateleiras. A Ana de Cerqueira, esposa de Jerônimo, coube a tarefa de arrumar a sala despojada e a capela fronteira.

Os bandeirantes que ali faziam pouso descansavam por alguns dias, para com maior energia enfrentar o sertão. Jerônimo destinou o outro extremo da colina para que arranchassem as tropas.

As terras que compunham a bacia do Rio Atibaia estavam sob o domínio de Jerônimo de Camargo e mais além até o limite das minas de ouro. Nestas terras não foram encontrados filões de ouro e nem nos seus córregos ligeiros das encostas da Serra, apareceram pepitas de ouro ou pedras preciosas.