Fórum do Turismo trouxe muitos temas ligados ao turismo e conservação do patrimônio

Centro Histórico: O ‘Coração’ da Cidade”, tema da primeira noite do Fórum Sobre Turismo, trouxe muitas questões referentes à história, mobilidade, conservação do patrimônio material e imaterial, fomento comercial e muito mais para o debate, que aconteceu na última segunda-feira (9), no plenário da Câmara Municipal.

Realizado com base na lei da Escola Legislativa, num formato diferente do fórum anterior, o encontro contou com a mediação do historiador local e ex-vereador, Paulo de Jesus, que conduziu as falas dos convidados inteiramente ligados ao tema proposto. Para falar sobre o trabalho do Conselho Municipal do Turismo (Comtur), o presidente Jaime Santos compôs a mesa de convidados ao lado do memorialista e também ex-vereador Adriano Bedore e do comerciante e idealizador do coletivo “Caminhos do Centro”, Piero Casara.

Na abertura do evento, o presidente da Câmara Municipal, vereador Lucas Cardoso, explicou o objetivo do fórum aos presentes: “este fórum, um pouco diferente do Fórum Sobre Saúde, tem o intuito de integrar e um ajudar ao outro. Isso foi feito na segurança pública enquanto estive como secretário, tirando cada membro do próprio quadrado. Todos trabalham muito, mas juntos somos mais fortes. São muitos setores que juntos tornam um projeto grande, ganham força e alcançam o objetivo comum, que é o de desenvolvimento, aquecimento da economia, geração de emprego e renda, recepção das pessoas que vêm para a cidade e estruturação dos nossos pontos turísticos. Acredito que juntos podemos avançar e encontrarmos soluções para essas pontualidades”.

A roda de conversa integrou os convidados da noite, que explanaram sobre questões pertinentes ao cotidiano de cada um, mas que convergem entre si. Estiveram presentes o secretário municipal de Turismo, Bruno Leal; a presidente da Associação do Turismo Rural, Ana Maria Herreira; José Antônio Silva, do Convention Bereau; José Antônio Alexandre, da Associação dos Artesãos; Júlio Lopes, representando os Conselhos Municipais; José Ozanir, representando o Hotel Bourbon, e Lilian Vogel, do museu municipal João Batista Conti, além do público, que também pôde ouvir e sugerir propostas de melhorias e projetos ligados ao turismo.

“Quero parabenizar o Lucas por este fórum, por escolher temas pertinentes, discutidos diariamente por nós. Percebemos uma evolução no turismo da cidade nos últimos anos, mas sabemos que é um trabalho árduo e há muito o que ser feito. O poder público é um facilitador dentro desse processo de elevar a qualidade turística, mas o setor público não consegue fazer tudo. A parceria público-privada é a principal forma de desenvolvimento do turismo e de muitas outras áreas”, destacou Bruno Leal.

Logo após a abertura e fala do secretário de Turismo, foi a vez do Conselho Municipal falar das ações feitas pelo órgão. “O Comtur tem por objetivo auxiliar, avaliar, propor e fiscalizar a execução de políticas públicas de turismo no município. Atualmente são 16 setores inseridos no Conselho, tendo cada um seu representante legítimo. Além disso é determinante na aplicação do nosso recurso financeiro de maior valor: a verba que provém do Dade (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias), órgão do Estado”, explicou o presidente Jaime Santos.

Jaime também salientou a importância do centro da cidade para o turista, lembrando de pontos como as duas igrejas, o pelourinho, os casarões, a rua Treze de Maio, coretos, biblioteca e mercado municipal e muitos outros espaços e eventos culturais que estão no contexto do centro histórico. Além disso, destacou alguns entraves no centro, como a reforma da Rua José Lucas, a abertura do museu no final de semana, a carência de mão de obra especializada, a abertura do Cine Itá, o Casarão Júlia Ferraz, as fachadas dos prédios históricos e a mobilidade nessa região da cidade, mas, ao mesmo tempo, tem visto algumas iniciativas de mudança e melhoria.

“Já estamos vendo acontecer algumas iniciativas louváveis, com a associação dos empresários, do trabalho da Atifé, que atua na preservação do nosso patrimônio cultural, da associação comercial, associação do mercado municipal e outros parceiros que estão colaborando nesse sentido. Existe uma máxima do turismo: sempre que você chega numa cidade a referência é o centro, e o ponto mais alto da cidade é onde fica a igreja da matriz. Durante anos buscamos parcerias para que esse equipamento ficasse aberto para receber o turista de forma adequada. Melhorou bastante, mas ainda temos dificuldade com acessibilidade e estacionamento. Esse centro pulsante, que ferve com lazer, entretenimento e cultura tem que ser tratado com muito carinho, faz parte da história e de tudo aquilo que devemos respeitar como grupo”.

Na sequência, o memorialista Adriano Bedore destacou também algumas curiosidades sobre o município e o centro, relatando com entusiasmo seus estudos ao longo dos anos. “Sou apaixonado por Atibaia. Estamos entre as 20 cidades mais antigas do estado e entre as 50 mais antigas do país, contando com as cidades litorâneas, de onde começou o povoamento do Brasil. O centro de Atibaia tem a igreja da matriz, inicialmente uma capela, que foi construída em taipas e está entre as 5 maiores igrejas de taipas do país e não temos nenhum material que conte esta história aos turistas”.

“Não conheço em nenhum lugar igrejas que ficam em frente à outra, como acontece aqui em Atibaia. A matriz tem cerca de 300 anos e muitas histórias para contar, até mesmo sepultamentos aconteciam dentro da igreja. É um pecado não percebermos e explorarmos turisticamente este patrimônio. Nós queremos que a nossa cidade seja a última da Grande São Paulo ou a primeira do interior? Este dilema deve mover todos que querem construir a cidade daqui pra frente. Temos uma história muito rica e precisamos mostrar muito mais aos turistas: um centro conservado, um altar com obra de Benedito Calixto, um casarão do século 18. Mário de Andrade e Oswald de Andrade viviam por aqui e eram apaixonados por Atibaia”, concluiu Bedore.

Encerrando o evento, Piero Casara contou sobre o coletivo “Caminhos do Centro”, que vem atuando há alguns meses no município, integrando comerciantes locais para reativar essa área urbana. “Nosso coletivo conta com 11 comércios e nossa ideia é fazer com que as pessoas andem pelos caminhos do Centro, pelas ruas, e visitem os pontos turísticos centrais. Atibaia tem muitas atrações e precisamos dar importância para os ativos turísticos. Acreditamos que o centro histórico pode ser o protagonista da cidade. O início das mudanças começam com discussões como esta. Ainda vivemos esse estigma de que não há nada para fazer no centro, mas isso não é verdade. Precisamos prestigiar essa área da cidade e já vemos algumas mudanças no perfil, o centro está passando por um renascimento importante, com alguns empresários apostando e investindo.”

Na próxima segunda-feira (16), acontece a segunda palestra, com o tema “Turismo de Negócios e Eventos”, no plenário da Câmara Municipal, às 19 horas.

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