Atibaia deve ganhar três novas unidades básicas de saúde

Há a expectativa ainda para que, até o final do mês de março, saia a decisão judicial permitindo a continuidade da construção do Hospital Municipal.

O Atibaiense – Da redação

Atibaia deve receber reforço na Atenção Básica de Saúde com a ampliação de unidades e construção de novos postos em três locais. Também há grande expectativa para que a Justiça libere a continuidade da construção do Hospital Municipal, após laudo do perito do Poder Judiciário considerar que há problemas no sistema de contratação adotado. As informações foram passadas pela secretária municipal de Saúde, Grazielle Bertolini, em entrevista exclusiva ao jornal O Atibaiense esta semana.

 

 

O projeto do prefeito Emil Ono, segundo a secretária, é expandir o número de unidades de saúde. Haverá novas unidades nos bairros do Tanque e Usina, além de um posto de saúde no conjunto habitacional Jerônimo de Camargo. As unidades do Alvinópolis, Cerejeiras e Portão também serão ampliadas. A unidade do Imperial já está em obras de ampliação.
Com relação ao Hospital Municipal, Grazielle disse que existe uma expectativa para que a decisão judicial saia até o final do mês. “A empresa quer terminar em cerca de sete meses a obra. O prefeito Emil Ono tem intenção de entregar até 2023, no máximo até aniversário de Atibaia do ano que vem. Esse é um hospital municipal que podemos colocar serviços regionais. Podemos colocar hemodinâmica, oncologia, bucofacial. Estamos colocando que temos condição de ajudar o Estado a atender a região nessas áreas, desde que o Estado custeie, já que é responsabilidade do governo Estadual esse atendimento especializado”, contou.
Com relação à Oncologia, a secretária diz que já fez solicitação para credenciamento, pois o Hospital Municipal teria condições de abrigar o serviço.

COVID-19
A pandemia está controlada na cidade, conforme dados da Secretaria de Saúde. Houve um acompanhamento do período pós Carnaval e não foi registrado aumento significativo de casos positivos ou de procura por atendimento de sintomas de síndrome gripal. Por este motivo, Grazielle afirma que os dois centros de atendimento a síndrome gripal (Postos do Centro e Cerejeiras) serão desativados, provavelmente na próxima semana, já que não há demanda. “A demanda existente pode ser atendida dentro da rotina normal dos postos”.
A vacinação avançou bastante na cidade também, especialmente após a implantação do sistema itinerante. Atibaia tem hoje 96% da população com a 1ª dose, e cerca de 85% com a 2ª dose. “Nós não conseguíamos sair desses 85% da 2ª dose, por isso mudamos a abordagem, indo nos pontos de grande circulação de pessoas”. O Ministério da Saúde recomenda uma cobertura de 95% de imunização com as duas doses.
A partir da próxima semana, haverá uma novidade: será instalado um posto permanente de vacinação para Covid-19, todos os dias da semana (de segunda a segunda), das 7h às 19h. O local ainda será divulgado. Com isso, os postos de saúde poderão voltar a dar prioridade para a vacianção de rotina. “Vamos tirar as vacinas de Covid-19 dos postos de saúde e voltaremos à vacinação de rotina das unidades de saúde. Em todo o Brasil piorou a cobertura vacinal de outras doenças. Precisamos voltar a cobrar a imunização da rotina, as vacinas da 1ª infância. Antes da Covid-19 já vínhamos enfrentando movimento grande anti-vacina. Com o surto de febre amarela, por exemplo, enfrentamos dificuldade em vacinar parte da população. Então, temos que retomar esse trabalho”.
A cobertura vacinal caiu em 2021. A referência do Ministério da Saúde é de 95% de cobertura em todas. A vacina BCG atingiu 76,8% em 2021; a pentavalente/hepatite B chegou a 90% de cobertura; a de pólio, a 90,8%; a de rotavírus ficou em 87,8%; a pneumo em 91,6% e a de meningite C em 91,2%.
Segundo Grazielle, a vacinação foi eficaz no caso de Covid-19. “Percebemos que vacina foi eficaz, diminuiu a curva de óbitos”.

PRIORIDADES
Na Atenção Básica, a secretária diz que agora, com controle maior da pandemia, será necessário priorizar a retomada dos acompanhamentos de problemas crônicos (hipertensão, diabetes etc.). “E uma área que teremos que debater é de saúde mental neste pós-pandemia. Já percebemos que as crianças estão sendo cada vez mais encaminhadas às unidades, pelas escolas”.
Até junho deve começar o atendimento do CAPES AD, para dependência química e no segundo semestre deve ser implantado o CAPES IJ, voltado para crianças e adolescentes. O CAPES é o Centro de Atenção Psicossocial. A cidade deve ganhar ainda, graças a parceria com a APAE, um Centro de Atendimento de Autismo.
Outro setor que receberá atenção maior é o de exames. Muitos ficaram com demanda atrasada durante a pandemia e agora precisa ser retomado. Um exemplo é a mamografia. “Mamografia não era uma demanda grande na região e aumentou na pandemia devido à paralização dos atendimentos. Agora, entre os dias 22 de março e 2 de abril receberemos a carreta da mamografia e poderemos atender cerca de 600 mulheres que estão aguardando, diminuindo a fila”, explica. Ela acrescenta que há exames que estão com atendimento normal, mas outros, como ultrassom, estão com filas. “Estamos fazendo licitação para comprar alguns exames que são necessários. O município quase não tem a atenção secundária aqui, único atendimento é o AME. Hoje se não tem o serviço, podemos licitar, comprar”.

FALTA DE PROFISSIONAIS
Grazielle diz que o grande problema enfrentado hoje na rede municipal de saúde é a oferta de profissionais, especialmente médicos. Eles passam no concurso público, são chamados e não aceitam o trabalho. “A dificuldade está em contratar. Chamamos agora médicos especialistas que passaram no concurso público. Chamamos dermatologista, otorrinolaringologista, neurologista e oftalmologista e não apareceu ninguém. Esse modelo atual de contratação não tem funcionado. Eles não aceitam devido aos salários”.
A saída seria ata de registro de preços para terceirizar a contratação de médicos e não fazer por concurso público. “Estamos com dificuldade de médicos nas unidades básicas. Tivemos demissões essa semana. Precisamos pagar hora extra para os outros médicos cobrirem essa falha. Esse modelo não é bom para o paciente e não funciona mais”.
Atibaia tem 16 unidades de saúde e há médicos em todas as unidades, mas não o suficiente para atender nos períodos da manhã e tarde. “A situação de Atibaia ainda é privilegiada com relação à região. Cerca de 40% da população tem a chamada saúde suplementar, que é o convênio médico. Mesmo assim, nossa prioridade é a questão de contratação de médicos e fortalecer a atenção básica”, explica.

JUDICIALIZAÇÃO
A secretária diz que uma das dificuldades enfrentadas é com a judicialização. “A atenção básica é do município e as de média e alta complexidade são de responsabilidade do Estado e do Governo Federal. Mas os juízes não veem assim. Ele coloca no polo passivo o município. Estamos tentando conversa com o Judiciário para mediação dos casos. Tem medicamentos de alto custo que é responsabilidade do Estado fornecer e há defasagem nessa entrega. Não estão entregando tudo. O paciente precisa do medicamento, ele judicializa. E a Prefeitura tem que pagar. O que estou conversando com a Promotoria é fazer o chamado regresso, que é fazer com que o Estado cumpra sua parte”.
Com relação a medicações, Grazielle afirma que a farmácia dos postos de saúde está abastecida, sem registro de faltas. O que pode faltar é medicamento de alto custo que deve ser enviado pelo Estado ao município. Há falhas do Estado nessa entrega.

ORÇAMENTO
Para 2022 a Saúde tem um orçamento de R$ 165 milhões, mas será preciso suplementar, segundo Grazielle. “Teremos especialmente aumento na folha de pagamento. Só a folha de pagamento é de R$ 70 milhões. Temos outros R$ 55 milhões para o hospital (Santa Casa). O que sobra é para custear todo o restante. Só 17% vem do Estado e do Governo Federal. Atibaia praticamente se banca”.
A Secretaria de Saúde deve ainda mudar para outro prédio, para que o prédio atual possa abrigar um Centro de Reabilitação. “Hoje funcionam duas salas dentro da UBS do Centro. Faz somente reabilitação em criança, com fisioterapeuta. Vamos agora criar um centro de reabilitação para atender toda a população. A farmácia de alto custo irá para o prédio também, para poder atender melhor aos usuários”, diz Grazielle. O novo prédio da Saúde deve abrigar todos os setores administrativos da pasta em um único local.