Atibaia vê crescimento do número de imóveis comerciais para locação no Centro
Em ruas antes impossíveis de se encontrar um ponto comercial disponível agora é possível escolher qual alugar.
O Atibaiense – da redação
É fato que o comportamento do consumidor vem mudando ao longo dos anos e que os preços dos aluguéis tanto residenciais como comerciais dispararam desde a pandeia de Covid-19. Mas Atibaia nunca teve tantas lojas fechadas ao mesmo tempo, especialmente no Centro.
Uma volta pelas ruas principais do Centro já é o suficiente para perceber o crescimento no número de imóveis disponíveis para locação. No Calçadão, onde raramente era possível encontrar um ponto comercial disponível há algum tempo, nossa reportagem contou ao menos 5 placas de locação e 1 loja passando o ponto.
Na Rua Benedito de Almeida Bueno também há pontos alugando onde antes era impossível conseguir uma loja.
A Rua José Lucas então, com as reformas desastrosas dos últimos anos, é cada vez mais difícil ser uma alternativa para o comércio. Muitos abrem e fecham rapidamente. Outros, antigos, estão saindo, escolhendo diferentes regiões da cidade para se instalarem, especialmente a região da Alameda Lucas Nogueira Garcez.
O caso específico da Rua José Lucas mostra que nem toda mudança é positiva para o comércio. A proposta do projeto era interessante anos atrás, quando apresentada: a rua ter calçadas largas, fiação subterrânea, não permitir estacionamento e privilegiar o pedestre. Visualmente está melhor, mas as obras, além de malfeitas, demoraram muito tempo para serem finalizadas, diminuindo o interesse das pessoas. Antes de terminar, os comerciantes começaram a ter dificuldades para se manter no local, especialmente com a falta de estacionamento. Agora será difícil recuperar as perdas e voltar a atrair consumidores para a região.

Na Rua José Alvim, tanto no calçadão como no trecho mais próximo do Museu Municipal, estão a maioria dos comércios desocupados do Centro, aguardando alguém alugar. O maior problema desse trecho é o preço dos aluguéis. É necessário um negócio de sucesso para bancar o alto custo só para manter a porta aberta, sem contar estoque, funcionários e outras contas.
Os fatores para o fechamento de tantas lojas ao mesmo tempo são muitos. Há os aluguéis altos, a diminuição do interesse do consumidor em lojas físicas, optando por compras online, a dificuldade de estacionamento em alguns locais, a falta de planejamento do próprio empreendedor, que não estudou o mercado e abriu em ponto pouco estratégico para sua área e ainda os preços altos das mercadorias.
E há o comportamento das pessoas, que não buscam mais com tanta frequência o Centro como referência de comércio. Outras regiões da cidade estão crescendo e atraindo empreendedores, como a Alameda Lucas Nogueira Garcez. Algumas lojas do Centro já se transferiram para a Lucas, mesmo com aluguéis também altos.
As dificuldades do comércio não são exclusividade de Atibaia. Dados da Pesquisa de Inovação 2024 com empresários do comércio revelam que o setor tem investido menos na modernização. De acordo com o levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 38,53% dos entrevistados afirmaram ter inovado, contra os 55% registrados na pesquisa anterior.
“O estudo evidencia quatro grandes entraves à inovação do comércio: alto custo, falta de incentivos governamentais, baixa qualificação técnica e dificuldade de acesso a novas tecnologias. Soma-se a isso o ambiente macroeconômico, com juros altos e crédito caro, o que leva muitas empresas a priorizar a sobrevivência em vez da transformação”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
Outra pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) registrou estabilidade em abril, mas as intenções de investimento, a projeção de contratação de funcionários e os investimentos em estoques todos caíram em comparação com 2024. Ou seja, o comerciante está menos otimista para investir no negócio, o que pode acelerar o fechamento de portas.
