A escravidão em Atibaia

Editorial

Em 13 de maio de 1888 o Brasil aboliu a escravidão. A princesa Isabel, filha do imperador Dom Pedro II, assinou a Lei Áurea, tornando ilegal o regime que perdurou por mais de três séculos no país. À época, a lei foi comemorada por toda a sociedade.
Em Atibaia, o movimento abolicionista foi um dos marcos da história da cidade, com nomes que se destacaram na luta pela libertação dos escravizados. O juiz Dr. Antônio Bento de Souza Castro trabalhou arduamente pelo fim da escravidão. Poucos hoje conhecem a história do juiz, mas foi ele o responsável por libertar escravizados contrabandeados após lei de 1831 e por fazer valer a Lei do Ventre Livre. Após sofrer atentado em Atibaia, foi para São Paulo, onde ajudava a encontrar refúgio aos negros fugitivos.
A fazendeira D. Delfina das Pedras alforriou todos os seus escravizados bem antes da Lei Áurea e o vereador Olímpio da Paixão foi um dos que lutou pelo fim da escravidão.
Atibaia não era considerada uma cidade com grandes quantidades de escravizados, mas havia, nas propriedades maiores, uma quantidade considerável. Por aqui, como destaca a tese de Mestrado em História de autoria de Patricia Junqueira Rodrigues, boa parte dos proprietários tinham um escravo. Com o tema “Escravidão miúda em Atibaia (SP): Análise de uma vila de abastecimento no Brasil oitocentista”, a tese conclui que há dois grupos de escravistas na cidade: dos pequenos e dos grandes. “Mesmo que a vila não tenha se destacado por ter grandes plantéis, é grande a separação entre homens como Lucas de Siqueira Franco que, em 1810, declarou 53 cativos e aqueles com apenas um escravo em seu domicílio. Entretanto, é importante ressaltar que, assim como acontecia em outras regiões de São Paulo, a maioria da população não possuía sequer 1 escravo, não se enquadrando em nenhum dos dois grupos. Em termos demográficos gerais, Atibaia tampouco se diferenciou de outras vilas paulistas, com presença maior de livres e brancos”.
Hoje, especialmente no Centro Histórico, o período de escravidão é lembrado por alguns símbolos. Na parede lateral da Casa Paroquial, na Rua José Bim, há um marco para lembrar que ali ao lado, na esquina com a atual Rua José Lucas, ficava o Pelourinho.
O Pelourinho, onde os escravizados eram punidos, foi erguido em 5 de novembro de 1769, por ocasião da elevação de Freguesia para Villa de São João de Atibaia. A Rua 13 de Maio foi denominada em 15 de junho de 1888, por indicação do vereador José Francisco de Campos Bueno (Zé Bim). Antes, era Rua Boa Vista.
E não há como deixar de fora a Igreja do Rosário, protetora das classes humildes e dos escravizados. Erigida pelos negros escravizados, ali era o templo para amenizar as durezas da escravidão.