Lugar de mulher também é na política

Wagner Casemiro

Diante da baixa representatividade da mulher na política e subrepresentadas em cargos eletivos, o Programa de Diversidade e Inclusão da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getulio Vargas preparou uma série de workshops conclamando mulheres a se engajarem na política. O objetivo é estimular as mulheres a entrar na carreira política, com participação de especialistas debatendo desafios e potencialidades da carreira. Noventa anos após a conquista do voto feminino no Brasil, especialistas das mais diversas áreas e trajetórias abordam a carreira política a partir das experiências das mulheres, atentos aos desafios específicos que essa população encara ao fazer política.
“É fundamental que possamos agir para incentivar, fortalecer e dar instrumentos às mulheres para se engajarem na vida política. Passados 90 anos do sufrágio feminino no Brasil, ainda temos muito a avançar. Nossos países vizinhos conquistaram imensos avanços nos últimos anos e nós literalmente ficamos para trás. O curso de formação política para mulheres é uma busca por uma contribuição para esse grupo minorizado que historicamente quer e luta para estar na política. Agora, as instituições também precisam se mobilizar para fazer valer as iniciativas que já conquistamos como as cotas de candidaturas efetivas, o acesso a recursos, ao tempo de propaganda, investir em formação de novos quadros femininos e combater a violência política de gênero”, destaca a organização da iniciativa.
No Brasil, a Câmara dos Deputados possui apenas 15% de mulheres; e o Senado Federal,12%. Em âmbito municipal, 900 municípios não tiveram sequer uma vereadora eleita nas eleições de 2020, informou a Agência Câmara de Notícias. Em Atibaia, temos duas vereadores em 11 representantes eleitos em 2020. O Brasil ocupa a 140ª posição do ranking da União Interparlamentar que avalia a participação política de mulheres em 192 países. O País está atrás de todas as nações da América Latina, com exceção do Paraguai e do Haiti.
Clara Araújo, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, defende “ousadia e avanço” por parte do Parlamento e da sociedade brasileira e pede que não haja retrocessos na cota de 30% de candidaturas femininas e na reserva 30% dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e do tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV para as mulheres candidatas.
Em 2020, foram mais de 187 mil mulheres candidatas em todo o país, ou seja, cerca de 28,5 mil a mais do que em 2016. Também houve mais mulheres eleitas: foram 658 prefeitas contra 641 anteriormente.
Para o cargo de vereadora, as mulheres conquistaram mais de 1,4 mil novas cadeiras nas Câmaras Municipais de todo o país. Em 2016, eram 7,8 mil eleitas e atualmente são 9,1 mil. Além disso, também caiu a taxa de zero representatividade em 343 municípios. Nas eleições de 2016, 1,2 mil casas legislativas não contavam com uma única vereadora. Agora, são 948 nessa condição.

* Wagner Casemiro é Secretário Municipal de Habitação de Atibaia, Professor Universitário Especialista em Administração, Contabilidade e Economia e Representante do CRA – Conselho Regional de Administração Atibaia.