Ex-vereador revela como enfrenta Mal de Parkinson

Paulo era um político que gozava de respeito entre secretários municipais, vereadores, presidentes de partidos. Desistiu das eleições e da carreira.

Quando o empresário e ex-vereador Paulo Catta Preta decidiu se afastar da política no final de 2014, muitos ficaram atônitos, sem respostas. Afinal, ele era Vereador, tinha sido Secretário de Governo e sua figura pública sempre esteve à frente de vários projetos executivos de importância para o futuro sustentável da cidade. Era um político que gozava de respeito entre secretários municipais, vereadores, presidentes de partidos e lideranças da sociedade civil. Desistiu das eleições e da carreira.
A decisão veio após o diagnóstico de Parkinson. Ele tinha apenas 57 anos. Desde então vem enfrentando com coragem a doença que afeta o sistema nervoso central e não tem cura.
Nunca deixou suas atividades como despachante na cidade, mas a série de limitações que a doença lhe impôs ao longo dos anos o levou a uma cirurgia no final do ano passado, com 67 anos. Um recomeço que ele tem necessidade de compartilhar com todos os que enfrentam a doença. Leia trechos da entrevista que o empresário concedeu ao O Atibaiense.
Como foi receber o diagnóstico de mal de Parkinson?
A notícia foi impactante, difícil de aceitar. Passei por um processo depressivo, não quis contar a ninguém, me fechei para a família e amigos. Mas o tempo foi mostrando que eu poderia ajudar outras pessoas, contando o que eu estava passando, dividindo conhecimento sobre tratamentos, médicos, exercícios físicos, etc.
Esse “recomeço” no enfrentamento da doença aconteceu como?
Com o passar dos anos, minha rotina diária ficou mais difícil com limitações na fala, no caminhar e me levando a algumas quedas. Minha estabilidade estava comprometida, mesmo com todos os medicamentos. Comecei a me entristecer por perceber que estava entrando em um processo de limitações e sem volta. Foi então que, em uma reunião de negócios, estive com um grande amigo e empresário de Atibaia, um verdadeiro anjo que apareceu e que me indicou o neurocirurgião Erich Fonoff. Depois de consultas e exames, ele me encaminhou para a DBS, uma cirurgia que permite a estimulação do cérebro, diminuindo os efeitos da doença.
Como acontece essa cirurgia e como é o pós-operatório?
Fiz a DBS (deppbrainstimulation) no dia onze de novembro do ano passado e posso dizer que nasci de novo. Fui internado sem saber ao certo o que iria enfrentar. Me submeti a nove horas de cirurgia, realizada em fases – fiquei acordado, depois sedado. Foram colocados eletrodos na minha cabeça, que estimulam o cérebro e têm o objetivo de diminuir os sintomas da doença e também a quantidade de remédios necessários. Fiquei três dias internado, fiquei com restrições de visitas em casa por causa da Covid até o retorno ao médico, com cuidados com os cortes, curativos e com todo apoio e amor da minha família. Hoje, após três meses, me sinto feliz com todas as conquistas desse processo.
Qual é a mensagem que você deixa para as pessoas que sofrem deste mal e de outros que impõem superação diária?
“Não desista nunca”. Pergunte ao seu médico se essa cirurgia não é recomendada para o seu caso. Sei por notícias, que desde 2018 uma equipe médica no hospital da Puccamp realiza esse procedimento pelo SUS. Eu só tenho que agradecer ao meu amigo Vagner Borin, o anjo que me trouxe essa nova perspectiva. A toda equipe médica impecável que me acompanha e dá todo suporte aos meus filhos e minha esposa, grandes companheiros de batalha. Agradeço a toda minha família, meus amigos e a Deus que tem me amparado em todas minhas dificuldades.
Agora que está melhor em seu estado geral, pensa em voltar para a política?
Quem sabe? O futuro a Deus pertence!