Racionamento de água ainda não está descartado em Atibaia

Não está descartada a possibilidade de medidas mais restritivas, como rodízio de água, durante esse verão. O sistema tem trabalhado no limite.

O Atibaiense – Da redação

A superintendente da SAAE, Fabiane Santiago, confirmou em entrevista a O Atibaiense que não está descartada a possibilidade de medidas mais restritivas, como rodízio de água e racionamento, durante esse verão. O sistema de abastecimento tem trabalhado no limite, especialmente nos dias de sol e calor. “Como choveu muito, garantiu o nível do Córrego do Onofre e as pessoas costumam diminuir o consumo com tempo chuvoso. Essa semana, por exemplo, com calor forte, precisamos fazer uma diminuição de pressão noturna na quarta-feira (19) para prevenir. Estamos no aguardo da publicação de um decreto do Plano de Contingenciamento do Verão, autorizando fazer essas manobras à noite. Estamos em estado de emergência ainda, decreto é válido por 90 dias e vai até março”, destacou Fabiane.
A superintendente disse que durante as férias, finais de semana e feriados há consumo acima da média. “Se for para abastecer na média, temos condição. Período muito quente também temos consumo maior que produção, e começa a descer nível do reservatório. Essa semana, com calor, já começa a preocupar, com proximidade do fim de semana. No dia 25 de janeiro é feriado na cidade de São Paulo, com certeza vai aumentar movimento na cidade, então temos que nos programar para reservatórios estarem cheios. O que não podemos é entrar no fim de semana com reservatórios muito baixos”.
O aumento de consumo aos finais de semana costuma ser em média de 25% a 30%, mas depende do tempo. Quando está chovendo diminui.
A entrega da ETA Central vai permitir aumentar o abastecimento. Mas Fabiane diz que já serão necessárias outras obras, por exemplo no sistema do Alvinópolis. “Cresceu muito aquela região. Mesmo com mais água na ETA, o sistema de transferência não consegue mandar mais água. Teremos que pensar na ampliação do sistema Alvinópolis, que é um dos mais antigos e temos muito cuidado. Depois da ETA pronta, poderemos ampliar a bomba e a reservação no bairro”, explicou.
Com relação às obras, a ETA está com 82% concluída. “O que falta, no entanto, é a parte mais complicada, de montagem dos módulos de filtragem, instalação de equipamentos, automação, eletroeletrônicos, instalação de onde ficarão produtos químicos. É a parte mais delicada, o coração da estação”, contou Fabiane. A previsão é de obra ficar pronta até final de abril, quando termina contrato com empresa, e de iniciar o chamado start up, que é migrar da antiga para a nova. As duas estações vão trabalhar juntas no início, até a antiga ser desativada e a nova começar a funcionar plenamente, com previsão para junho.

PERDAS
Atibaia tem pouco mais de 45 mil ligações de água e o sistema de abastecimento apresenta perda de cerca de 38% do que é tratado e distribuído. A maior responsável é a chamada perda comercial, especialmente as fraudes. A chamada perda física, quando há um vazamento não visível, lavagem de filtros do sistema etc. é bem menor, segundo as informações passadas pela superintendente.
Fabiane explicou que o trabalho de fiscalização de fraudes é constante e são monitorados, por exemplo, casos em que há corte de água e a pessoa não vai até SAAE para regularizar débito. “Nós costumamos começar a fiscalizar pelo cliente que teve água cortada e não foi à SAAE regularizar o débito. Ou está usando a água do vizinho ou está fraudando. Não temos equipe que só fiscaliza fraudes, mas as equipes acabam olhando sempre durante a medição”.
O problema da chamada perda comercial não é apenas de fraude. Há ainda a submedição do hidrômetro. “Os hidrômetros mais antigos não medem de forma precisa e o cliente não paga tudo que gasta”, disse Fabiane. A chamada perda física não é um grande problema, segundo a superintendente, porque a água de vazamentos acaba voltando para o lençol freático. “Tem impacto de custo por ser água tratada, mas volta para a natureza”.

VERTICALIZAÇÃO
Com relação ao crescimento imobiliário da cidade, a SAAE não está dando certidão para empreendimentos acima de dez unidades habitacionais. A resposta das certidões é que abastecimento só poderá ser feito após início do funcionamento da nova ETA Central. “Fato é que a cidade cresceu muito e vem crescendo muito e a infraestrutura nem sempre acompanha no mesmo ritmo. O que temos de capacidade de abastecimento é suficiente para atender o município hoje. Tanto que desde o meio do ano passado estamos dando todas as certidões, de diretrizes, dizendo que onde tem rede, existe o sistema público de abastecimento, mas não tem como abastecer no momento, que estamos sem disponibilidade para abastecer, negando fornecimento de água para qualquer empreendimento novo. Autorização está vinculada ao início do funcionamento da nova ETA Central. Se for uma casa, um loteamento já existente, somos obrigados a fornecer água onde tem rede instalada. Estamos negando para novos empreendimentos”, explicou Fabiane.

ESGOTO E LIXO
A estrutura de coleta e tratamento de esgoto na cidade está com capacidade para coletar e tratar 85% de todo esgoto do município. Atualmente são duas as estações: Caetetuba e Estoril. Em breve devem começar obras de construção de estações para atender Portão e Tanque. “Da região Bragantina, Atibaia é a cidade que hoje tem maior percentual de tratamento de esgoto. Hoje temos 71% de coleta e tratamos 90% do coletado. Tem alguns pontos que até final do ano serão tratados e até o fim de 2022 todo o coletado será tratado. Só locais mais distantes não conseguimos”.
Com relação ao lixo a coleta de material reciclável já atingiu 100% da área urbana e hoje atende cerca de 70% da área rural, devendo chegar a 100%. Em dezembro de 2021, foram coletadas 206.19 toneladas de material reciclável, que representa 93 toneladas acima da média mensal. O serviço de Cata Treco coletou 75.260 toneladas e a coleta domiciliar orgânica, outras 4.437.14 toneladas (560 toneladas acima da média mensal).