O papel do mediador nas relações de aprendizagem

Luci Ellen Coelho*

Quem é esse mediador? O professor? O pai? A mãe? A tia? O terapeuta? O profissional que acompanha crianças com necessidades especiais?
Todas as respostas estão certas e vocês não fazem ideia da importância da mediação em qualquer situação que a criança esteja envolvida.
Piaget acreditava que para a aprendizagem acontecer eu preciso de estímulos + criança = resposta diante desse estímulo, como estando num jardim e apenas considerar a flor e não tudo o que essa flor traz de informação. Essa aprendizagem de saber o que é uma flor é chamada de abordagem DIRETA. Contudo, Reuven Feuerstein, contemporâneo de Piaget, diz que entre esse mundo de estímulos e a criança, um mediador deve estar no meio deles para que a flor não seja só a flor, mas traga significado quando eu comparo a cor, a textura da folha, questiono se a criança lembra de algo que se pareça com aquela textura, se ela conhece outra flor, se ela conhece outras coisas com a cor daquela flor. É um MUNDO de possibilidades, pois para Feuerstein, a aprendizagem é mais efetiva quando esse mediador se coloca entre os dois: estímulo + mediador + criança = aprendizagem efetiva.
O mediador enriquece a interação da criança , ou seja, o mediador vai além do ambiente trazendo coisas que não fazem parte da situação vivenciada, mas que vem cheias de significado, valores e objetivos. O mediador é experiente, é intencional e é ativo. Os primeiros mediadores são os pais, depois os professores. É a qualidade dessa interação que faz toda a diferença.
Nesse contexto atual de pandemia, de relações sociais interrompidas, de interação aluno-professor ser submetido a uma tela e falando como profissional da área da saúde e educação simultaneamente, pois a psicopedagogia e a neuropsicopedagogia tem campo de atuação nesses dois segmentos. A maior preocupação é trabalhar junto aos pacientes a relação deles com a aprendizagem trazendo todo esse aparato cognitivo que é necessário e essencial para que seus atos mentais na tomada de decisão estejam fundamentados em funções cognitivas muito eficientes para essa ação e, que de alguma forma, foram impactadas com a questão do não convívio escolar e dessas relações tão importantes.
Pais como professores e sobrecarregados, professores que se desdobraram para atender da melhor forma a demanda de seus alunos e alunos, muitas vezes, desmotivados para seguir em frente.
O Programa de Modificabilidade Cognitiva é uma oportunidade para habilitar e reabilitar esse aprendizagem e trazer de volta significado. Essa habilitação/reabilitação é o desenvolvimento de competências cognitivas essenciais para agir com autonomia. E digo mais, está disponível para todos que queiram submeter-se ao programa com ou sem dificuldades e/ou transtornos de aprendizagem.
A pandemia vai passar, mas algumas lacunas precisarão ser preenchidas. Até a próxima!

Luci Ellen Coelho é psicopedagoga – neuropsicopedagoga clínica, mediadora do Programa de Modificabilidade Cognitva nível Standard e Básico de Reuven Feuerstein – ICELP/Israel.