A Banda Musical União da Mocidade

A inauguração oficial da nova corporação musical “União da Mocidade” ocorreu em maio de 1909.

Marcio Zago

Em 1907, com o título “Banda de Música” o jornal O Atibaiense informava que sob a Presidência do coronel José Pires de Camargo a banda musical da cidade teria sido naquele ano reorganizada, reaproveitando os elementos de outra banda extinta, da qual era diretor Juvêncio Fonseca. O artigo não cita o nome da banda em formação e nem da extinta. Diz ainda que a noite organizou-se uma grande passeata ao som festivo da nova banda, quando se dirigiram a residência do Senhor Coronel José Pires, onde o aclamaram, e de lá seguiram para o Clube Recreativo, onde receberam um saboroso copo de água (costume da época), além de um coquetel. Às nove da noite a banda percorreu as ruas da cidade cumprimentando o vigário da paróquia, Padre Kolhy, que no seu discurso falou da importância da união dos músicos (sugerindo tratar-se da banda União da Mocidade).
A menção a extinta banda citada no artigo acima não fica esclarecida, uma vez que a primeira banda existente no município, e já desfeita nessa época, era de Hilário Beraldo de Vasconcellos e não de Juvêncio Fonseca. Por outro lado, muito antes desse fato o jornal O Atibaiense publicava uma nota, em 1902, informando sobre a visita do Padre Florentino Simon a cidade, na qual foi recepcionado pela “banda musical do maestro Juvêncio Fonseca”, também sem citar o nome da banda, mas que confirma a existência de outra banda musical anterior de Juvêncio Fonseca.
De qualquer forma em 1909 surgem novamente informações sobre a nova banda musical, agora sim com o nome de “União da Mocidade”. Sabemos então que para viabilizar a compra dos instrumentos foi criada uma comissão formada pelos Senhores João Delboux, Daniel P. de Moraes e Pedro Vasconcellos. Este último foi seu primeiro regente, além de seu fundador ao lado dos irmãos, também músicos, João e José Hilário de Vasconcellos.
A inauguração oficial da nova corporação musical “União da Mocidade” ocorreu em maio de 1909. Eles saíram da casa de ensaio do Largodo Mercado e percorreram as ruas da cidade tocando alegres marchas, só parando nas casas dos senhores coronel Francisco de Campos Bueno, do coronel TeophiloUrieste, do PadreKolhy e do major Juvenal Alvim, para cumprimenta-los. Embora sem confirmação até o momento, tudo indica que os ensaios aconteciam no teatrinho da cidade, que se localizava no Largo do Mercado.
Dois meses depois de inaugurado, a banda realizava a segunda apresentação no coreto do Santo Cruzeiro (hoje Praça Miguel Vairo ou Praça da Santa Casa) com seguinte programação:

Primeira parte
10 – Soronyo – PassoDopio – P. J. Kohly.
20 – Combinando – Walzer – P. J. Kohly.
30 – MiracoloEucharistico – Marcia lenta – Maestro Pocci.
40 – É só conversa – Tango – B. Lorena.
50 – Venditore d’ucelli – granWalzer – Maestro Zeller.

Segunda parte
10 – Congresso diBerlino – Marcia – Frosali.
20 – Saudosa – granWalzer -P. J. Kohly.
30 – Flôr do Tejo – Tango – Tavares.
40 – E. Fieramosca – Marcia – N.N.
50 – Regresso – Passo-Dopio -P. J. Kohly.
Mais tarde, recebendo novos elementos, a banda “União da Mocidade” denominou-se “Lyra Atibaiense”e passou a ser regida pelo maestro português Armando de Moura. Após seu inesperado falecimento, em 1911, assume a regência o maestro Francisco Napoleão Maia, que também foi diretor do Grupo Escolar José Alvim. Outro regente foi o Padre Juvenal Augusto de Toledo Kohly, que como se nota na programação acima, também era responsável por boa parte das composições musicais de seu repertório. A banda se manteve ativa por oito anos, sendo extinta em 1917.
(Consulta: Música em Atibaia: Uma História Possível, de Daniel Guimarães Nery).

Márcio Zago é artista plástico e artista gráfico de formação autodidata, fundador do Instituto Garatuja e autor do livro “Expressão Gráfica da Criança nas Oficinas do Garatuja”. É criador e curador da Semana André Carneiro.