Hanseníase: conhecer para não discriminar

Ministério da Saúde apoia a ação do Gamah para romper preconceitos. Brasil ocupa 2ª posição entre os países que registram novos casos ao ano. Foto internet

Maria Conceição dos Santos é uma das 50 beneficiadas pelo Grupo de Apoio às Mulheres Atingidas pela Hanseníase, o GAMAH. Acometida pela doença há 17 anos, ela revela que hoje se sente assistida.

Em alusão ao Janeiro Roxo, mês de conscientização da Hanseníase, o Ministério da Saúde reforça a importância de quebrar preconceitos e buscar um diagnóstico precoce para romper a transmissão da doença que hoje afeta cerca de 28 mil pessoas em todo o país.

De acordo com a Carmelita Ribeiro Filha, coordenadora da área técnica de Hanseníase da Coordenação Geral de Vigilância das Doenças em Eliminação (SVS/MS), a troca de experiências entre quem superou a doença e quem está se tratando é fundamental para fortalecer a rede de acolhimento. “Uma vez que sabem sobre a doença (transmissão, a questão da cura), é possível informar que não precisa ter medo da pessoa doente”, comentou.

Nesse sentido, o Ministério da Saúde esteve presente em um dos encontros do GAMAH. No encontro realizado no início deste mês, em Planaltina (DF), os servidores da Pasta distribuíram kits com hidratantes, lixa para calos, álcool em gel, creme dental, sabonete e óleo mineral para auxiliar no tratamento da doença.

Também presente no encontro, o médico do Hospital Universitário de Brasília (HUB) e professor da Faculdade de Ciências de Saúde da UnB Ciro Martins Gomes lembrou que a discriminação pode levar ao atraso do diagnóstico e, consequentemente, do tratamento. “É um dos principais desafios que enfrentamos pois são fatores que fazem a doença ainda existir no país. A hanseníase tem cura e o tratamento precoce é a melhor forma de acabar com a transmissão e as sequelas”, alertou.

Para a idealizadora do GAMAH, Marly Araújo, ”quando você se aceita, é mais fácil as pessoas te aceitarem. Aqui a gente troca experiência e aprende a passar por cima dos preconceitos quando encontramos outras pessoas com a doença”

No Distrito Federal, 378 pessoas fazem o tratamento no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre elas, a Dalzina Pimentel. Frequentando o grupo há dois meses, ela diz que o grupo tem ajudado a enfrentar a discriminação. “O grupo tem me ajudado a superar, já não tenho medo de alguém saber que tenho hanseníase”, diz.

Hanseníase – O tratamento dura de 6 ou 12 meses e é oferecido de forma gratuita no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A mancha avermelhada na pele, alteração de sensibilidade e perda de força nos braços são sinais e sintomas importantes. A hanseníase é uma doença crônica, transmissível, de notificação compulsória e investigação obrigatória em todo território nacional. Além de afetar a saúde, a doença afeta a autoestima das pessoas acometidas.

A hanseníase pode acometer pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade. Entretanto, é necessário um longo período de exposição à bactéria, sendo que apenas uma pequena parcela da população adoece.

Luiza Barufi
Ministério da Saúde