Uma breve história de Atibaia – Arraial de São João Batista

por Renato Zanoni (in memorian)

No ano de 1666, estudando os acentos de atas da Câmara de São Paulo, os camaristas resolveram o seguinte: “mandar dois Officiaes que fossem a Atibaya ver se estam os índios guaranys nas paragens donde delles tomaram lista o anno passado”. Prova que já estava assentado um Arraial nas terras da Fazenda de Jerônimo de Camargo. Surpresas tiveram os oficiais da Câmara ao chegarem para a fiscalização dos indígenas e encontraram um Arraial bem organizado, onde alguns brancos e os índios tinham construído casas de pau a pique, ao redor de uma capelinha.
Jerônimo de Camargo dedicou-se à agricultura, esquecendo a Vila de São Paulo. Vivia em harmonia com os aventureiros das Entradas e Bandeiras que passavam por ali, não se incomodando com a permanência de gente no local da primeira missa.
Interessante é saber que na povoação da Província, um bairro que tivesse um aglomerado de mais de vinte casas, por petição poderiam pedir à Câmara de São Paulo a nomeação de um Juiz de Vintena. Criada a Vintena, por certo se instalaria um ferreiro e um celeiro, para acudir as necessidades das tropas que passavam, e por certo alguém abriria um botequim ou padaria.
A vintena tornava-se um Arraial e por petição à Câmara, teria o nome registrado em ata, pagando imposto. Os indígenas eram religiosos e trabalhavam em roças da Fazenda, pescavam ou caçavam e deles se contava 500 almas.Todos eram batizados e mais famílias de índios chegavam, pois Jerônimo era complacente.
Na Vila de São Paulo, Henrique da Cunha Gago que era da facção dos Pires, por ser sua mulher, Isabel Fernandes da família Pires, entendeu então, a evasão de índios de São Paulo, o que já prejudicava pela falta de serviçais. Com brandura no trato com os índios, Jerônimo conseguiu formar o Arraial. Alguns eram brancos que desistiam de seguir com a bandeira, outros fugidos da polícia de São Vicente e de São Paulo, vinham ter nas margens do Rio Atibaia. Os Pires estavam por isso preocupados.
Jerônimo se aliou com os Bueno, seu irmão o Capitão Francisco de Camargo era casado com Isabel da Ribeira, irmã de Amador Bueno.
O Governador Geral protegia os índios e mandava que se fiscalizasse como viviam. Henrique da Cunha Gago, mandava que oficiais verificassem e assim ficava sabendo o que se passava no Arraial. Assim foi, por oito anos seguidos.