O sonho com a xamã da Câmara

Desde o ano passado, este sonho me persegue. Lembro sempre dele, como premonitório. Aquele período foi de grandes mudanças na Câmara. Estava no cargo de diretor de Comunicação e convivia diariamente com os conflitos internos entre funcionários concursados, chefias, jurídico e alguns vereadores. O desgaste aumentou até o corte de salários e a instalação de processos administrativos disciplinares. Olhando em retrospecto, parece inacreditável essa linha do tempo.
No sonho, estou no prédio da Câmara de Atibaia, que fica no centro da cidade, num dia aparentemente normal. O curioso é que, na vida real, a sede do Legislativo tem dois pavimentos. No sonho, aparecia com três. Pelo que me lembro, sou convocado a uma reunião no último pavimento. Ao subir as escadas, cruzo com uma das chefes descendo os degraus.
No caminho, ouço conselhos que são de colegas e também de outros seres: não se envolve com isso, Luiz, siga em frente, não se contamine. Ao chegar no terceiro andar, me deparo com um cenário escuro, fusão entre paredes e natureza noturna – mata, água, pouca luz. Sentada à esquerda, está a xamã, assim a chamo – negra, com desenhos de cor branca, corpo fechado mas sem roupas. Ela me recebe para confirmar aquelas indicações de isenção. Sinto que encontrei uma chave para outra dimensão. Mas o que será exatamente isso? Haverá “exatamente”?
Pausa para reflexão: preciso ouvir os universitários, ou seja, os psicólogos, preferencialmente os especialistas em Jung, que interpretou os sonhos e apresentou sua simbologia e os arquétipos. Por outro lado, entendo que meu sonho é uma referência ao xamanismo, que não conheço. O xamanismo tem práticas mágicas, religiosas (animistas, primitivas), e filosóficas (metafísicas), envolvendo cura, transe, transmutação e contato entre corpos e espíritos de seres míticos, de animais, dos mortos.
Não sei se meu sonho tem essa profundidade, mas continuo minha autoanálise e minhas pesquisas espirituais, que neste ano, com a prática intensiva do Yoga, em aulas online com o professor Fernando Chacon, se direcionaram para os Estudos Védicos. Jornalista em home office é isso: a curiosidade abarca o mundo, mas sem pretensões. Diante do coração, como diria Drummond, o vasto mundo se encolhe e é dissolvido em luz. Ih, será que o Luiz enlouqueceu de vez?