Happy Day Circus inova com cinco motos no Globo da Morte

O Jornal O Atibaiense conversou com alguns dos principais artistas desta incrível equipe para saber mais sobre suas histórias.

No mundo do circo, uma das atrações mais emocionantes e radicais é o Globo da Morte. No Happy Day Circus, essa performance tem encantado o público nos últimos cinco anos, graças à coragem e habilidade de seus globistas.
O Jornal O Atibaiense conversou com alguns dos principais artistas desta incrível equipe para saber mais sobre suas histórias, desafios e conquistas dentro e fora do globo. Nesta entrevista, você conhecerá Davidson Alvarado, Kauan Alvarado, Giovana Alvarado, Wuylmer Mateus e Alejandro Borne, que compartilham suas experiências e a paixão que os move a desafiar a gravidade e encantar multidões.

Desde quando existe a atração Globo da Morte no Happy Day Circus?
Kauan: Faz 5 anos. Foi uma atração que o dono do circo já queria colocar desde o começo. Quando encontrou o equipamento, eu me tornei o primeiro globistado circo.
Como acontece a contratação dos profissionais e quais são os pré-requisitos? Existe algum tipo de prova aplicada para testar a habilidade do profissional?
Alejandro: O Globo da Morte é composto por artistas de circo experientes. Embora pareça fácil, é uma atividade que exige muito controle e prática com a moto. Pessoas de fora do circo, curiosas, às vezes querem tentar, mas descobrem que é bem diferente. A prática e o aprendizado acontecem entre amigos no circo, com artistas ajudando uns aos outros. Todo o processo é discutido com o dono e o gerente para garantir a segurança e a qualidade do espetáculo.
Alguém já se machucou durante alguma apresentação ou treino?
Wuylmer: É um número perigoso, é de risco. Tem falha mecânica, falha humana. Se cai óleo no globo, já fica escorregadio. É algo que pode acontecer, mas normalmente não nos machucamos de forma grave.
Alejandro: É normal cair, por ser uma atividade radical. No início, a gente cai mais do que roda. A queda é o que mais acontece, mas isso é bom porque a gente aprende muito. Aprendemos a cair de forma a tentar se salvar, sem se machucar. É uma experiência que nos dá prática.
Como funciona o sistema de segurança deste espetáculo? É realmente perigoso? Porque essa atração tem sido o ápice dos circos em todos os tempos, não é mesmo?
Alejandro: Usamos roupas de trilha, coletes e capacetes para proteção. Diariamente, fiscalizamos a moto e o globo. Se o piloto não estiver bem ou a moto apresentar falhas, eles são retirados do show. Seguimos um rigoroso padrão de segurança, revisando a moto de manhã, à tarde e antes do espetáculo, e inspecionamos o globo todos os dias para garantir que tudo esteja seguro.
Me parece que o recorde mundial oficialmente reconhecido pelo Guinness World Records é o de seis pilotos e uma pessoa no centro, feito pela equipe Infernal Varanne, no set do Lo Show Dei Record, em Milão, mas já vi pela internet com 10 motos. É isso mesmo? Isso é possível?
Giovana: É possível ter dez motos sim, mas depende do tamanho do globo. Globos de 5 metros cabem 10 motos sim. No máximo que assisti foram com 6 motos.
Alejandro: Eu assisti com 8 motos, meu pai estava dentro.
Vocês consideram um procedimento seguro?
Giovana: Seguro não é (risos). É uma máquina, pode dar um “pepino”, um pneu estourar, mas com procedimentos se torna mais seguro sim.
Giovana, como é pra você ser uma mulher globista?
Giovana: É inédito, né? No Brasil, são poucas mulheres. Acho que são 4 ou 5 mulheres globistas no país. Eu gosto, dá pra sentir o calor da adrenalina. Eles ficam impressionados por ser mulher. Só de você sair, ir pro palco, tirar o capacete e o público ver que é uma mulher, muda completamente, o povo vai à loucura.
Você sente que é mais positivo ou mais negativo? Já sofreu algum tipo de preconceito ou a plateia gosta mais por ser mulher?
Giovana: Eu recebo muitos elogios. É mais homem que participa, tem até quem diz “é coisa de homem”, mas aí mostramos que mulher também consegue, que é possível. Quando vamos tirar fotos com o público, eles até dizem “nossa, é uma mulher, que legal, parabéns!”. É o que eu digo, no Brasil são poucas.
Aqui em Atibaia vocês começaram com três motos na estreia e chegaram a cinco motos, sendo uma piloto mulher. Como tem sido essa evolução? Esse número ainda vai crescer?
Davidson: Na estreia, havia dois pilotos que ainda precisavam encerrar suas atividades em outro circo, então começaram com três motos e agora são cinco. Quanto a aumentar a quantidade de globistas, o Brasil exporta muitos pilotos, tornando difícil encontrar mais pilotos aqui. Mas, se surgir a oportunidade, poderíamos aumentar sim.
Qual a diferença de moto de rua e moto de globo?
Wuylmer: A moto de globo normalmente é moto de trilha.
E quem são os globistas do Happy Day Circus, esses artistas incríveis que brilham tanto nesse espetáculo?
Davidson Alvarado: Sou globista desde os 14 anos, mas nascido e criado no circo. Meu pai nasceu em Atibaia, inclusive. Na época, todo mundo queria aprender para ir para o exterior. Eu tinha um amigo no circo que gostava da minha prima, e ele já era piloto. Ele começou a me encher o saco para conseguir uma chance com ela, então tive a ideia: “eu te ajudo com ela e você me ensina a pilotar no globo da morte” (risos). É uma história engraçada, todos sabem disso. Ele está com ela até hoje e eu aprendi a ser globista.
Kauan Alvarado: Eu sou tradicional de circo, nascido e criado. Comecei a ser globista com 14 anos, mas comecei a treinar com 8 anos, treinava de bicicleta. Eu sempre via o globo da morte e era uma coisa que me encantava muito, eu sempre pensava “vou fazer, vou fazer, vou fazer”. E aí com 8 anos comecei a ensaiar de bicicleta e com 11 anos comecei a treinar com moto, era moto grande mas um pouco rebaixada. Realizei um sonho e hoje estou aí.

Giovana Alvarado: Eu nasci e fui criada no circo também. Faz 31 anos que estou no circo e 5 anos no globo da morte, mas faço tecido também – acrobacias no ar. Fui para a Inglaterra, fiquei quase 1 ano lá fazendo globo da morte e voltei no final do ano passado. No final do ano fui para a Espanha, fiquei 15 dias e voltei. Se aparecer uma oportunidade, iria novamente para o exterior sim. Não para morar, mas para fazer uma temporada, eu não abandono o Brasil. Por mais que conheça outro país e seja diferente, meu lugar é aqui.
Wuylmer Mateus: Sou nascido na Colômbia. Eu comecei com 14 anos, comecei com tecido e pêndulo. Quis tentar fazer o globo, caí de um jeito horrível e desisti. Comecei a viajar o mundo. Cheguei no Brasil há 5 anos, gostei, conheci minha mulher aqui. Há dois anos, peguei uma moto de rua que eu tinha, troquei por uma de globo e deu certo, está dando certo até agora.
E, para terminar, qual o conselho que vocês dão para quem sonha em fazer parte desse grupo?
Wuylmer: A pessoa que quer aprender o globo, tem que entender que é um número arriscado. É um espetáculo que agrada muito e que vai abrir portas em circos e eventos em outros países, mas é arriscado sim. Mas se a pessoa está decidida a ter coragem e força de vontade, a superar tudo isso, é só seguir em frente. Depois que você aprende, não fica tão difícil. O segredo é continuar e ser persistente.
Alejandro: Se a pessoa quiser começar,orientamos que procure o dono e gerente do circo para fazer parte dessa família dos artistas de circo.

Serviço:
· Happy Day Circus
· Classificação: Livre
· Data: de 12/07 a 11/08
· Horários: segundas, quartas, quintas e sextas, às 20h; sábados, domingos e feriados, às 16h, 18h e 20h
· Local: Rua Sever do Vouga, 295, Recreio Estoril, ao lado do Atacadão