Você já foi chamado (a) ou comparado à Rainha Elizabeth?

Pois é. Fui premiado com este “título” por um colega da Câmara de Atibaia. Aparentemente, estávamos empenhados todos na reinstalação da Escola Legislativa, um projeto bastante interessante, que pode reforçar a imagem institucional do Legislativo. O tal “colega” me chamou em sua sala e disse: “Não vou servir de escada para você. Não vou ajudar você a ser a Rainha Elizabeth”.
Fiquei surpreso e perplexo na hora. Achei tão sem propósito o “xingamento”, a comparação com a realeza britânica, que apenas retruquei: “Não tenho projeto de poder pessoal. Quero apenas contribuir para a realização da Escola Legislativa. Meu projeto pessoal no momento é acompanhar meu neto até a faculdade”. Por incrível que possa parecer, esta é a minha verdade, é a minha versão dos “fatos”. Pena que o grupo de trabalho da Escola Legislativa foi abandonado à própria sorte. E fico me perguntando: o que os vereadores querem realmente? Não sei.
Tentando digerir a suposta agressão, vi que o melhor caminho é entendê-la e transformá-la interiormente em “elogio”. É uma ferramenta da mediação. Entender o outro até quando projeta em nós a agressão. Este é sempre um bom recurso, que requer sangue frio, coração quente e mente sob controle. Mesmo que eu não consiga chegar exatamente nesse lugar, é um excelente exercício de introspecção.
Mesmo não sendo inglês nem tendo a fleugma da Velha e Boa Albion, comprei um livro numa banca de jornal sobre a Rainha Elizabeth. Minha intenção foi identificar bem as qualidades e as virtudes da monarca recentemente falecida. A mídia tratou do assunto amplamente, mas cabe uma reflexão e uma investigação interna da minha parte.
Minha conclusão é de que tenho apenas uma das qualidades atribuídas à Rainha Elizabeth: sou feliz no meu trabalho cotidiano de jornalista. Consigo estar em paz com as demandas e até contornar muitos conflitos comuns e diários na política local. No mais, as virtudes são todas exclusivas da monarca inglesa: vigor físico, firmeza sem vacilações, felicidade no desempenho do cargo, sabedoria e sensibilidade, opinião política somente em reuniões reservadas e nunca em público. Pois é, a comparação foi totalmente descabida.