Sistema de votação é “extremamente eficiente”, concluiu universidade

Wagner Casemiro

Sei que o jornal O Atibaiense, nosso baluarte centenário da democracia, está acompanhando essa discussão. Por isso, senti a motivação para fazer esta coluna ao ler o post “O cientista, as urnas e a salvaguarda da democracia”. Qual é o sentido? É o da convicção de que a universidade pública tem o dever de contribuir para a manutenção da democracia no país. E foi o que levou a Unicamp a aceitar o convite do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para participar, de forma voluntária, do processo de avaliação externa de softwares e urnas eletrônicas que estarão em uso nas eleições deste ano. A afirmação está em texto de Rachel Bueno, publicado pela universidade de Campinas.
Com plena liberdade para definir quais seriam os focos de sua investigação, a equipe liderada por Ricardo Dahab, professor do Instituto de Computação (IC) e diretor-geral de Tecnologia da Informação e Comunicação da Unicamp, escolheu debruçar-se sobre os aspectos “mais contenciosos” do sistema nacional de votação. A conclusão do grupo foi categórica: “não há nada”, com relação aos aspectos analisados, “que possa colocar em dúvida a integridade e a confiabilidade do código-fonte da urna eletrônica brasileira”, explicou a autora.
Para Dahab, o sistema de votação em vigor no país desde 1996 não só é “extremamente eficiente”, como também “infinitamente melhor do que o anterior”, baseado em cédulas de papel, pelo fato de coibir o que o docente considera ser uma das características mais negativas da cultura brasileira – a tendência a cometer fraudes. Os atuais questionamentos à segurança e à integridade das urnas eletrônicas, segundo o coordenador dos testes realizados na Unicamp, têm motivação “oportunista e eleitoreira” e guardam relação com a resistência de anos do TSE em conferir maior transparência ao funcionamento de softwares e equipamentos utilizados nas eleições nacionais.
A abertura total do código-fonte dos sistemas de votação eletrônica é, segundo Dahab, a melhor forma de reduzir o espaço para o surgimento de rumores e fake news sobre a confiabilidade das urnas. “Quanto mais escrutínio um sistema criptográfico sofre, mais seguro e robusto ele se torna”, afirma o docente. Excelente essa conclusão para o formato de nossa democracia.

* Wagner Casemiro é Secretário Municipal de Habitação de Atibaia, Professor Universitário Especialista em Administração, Contabilidade e Economia e Representante do CRA – Conselho Regional de Administração Atibaia.