Atibaia precisa de um representante em Brasília, afirma Saulo Pedroso

Previsão de Saulo é de que a cidade vai liderar a região na área econômica, especialmente por estar em posição geográfica logisticamente estratégica.

O Atibaiense – Da redação

O ex-prefeito Saulo Pedroso concedeu entrevista exclusiva a O Atibaiense na manhã desta terça-feira, dia 23, destacando suas previsões sobre o futuro do município e projetos que deixou encaminhados. Ele falou ainda do cenário político, especialmente com relação às eleições de 2022.
Saulo pretende se candidatar para deputado federal pelo PSD, partido onde é o atual coordenador regional de 29 municípios. Prefeito por dois mandatos, entre 2013-2016 e 2017-2020, Saulo conhece a diferença que faz o Poder Executivo municipal ter o apoio tanto no Congresso Nacional, com um deputado federal, como na Assembleia Legislativa de São Paulo, com um deputado estadual.
Ele lembra que no início do primeiro mandato (anos de 2013 e 2014), Atibaia contou com um suporte do então deputado federal Roberto Santiago. “No começo do primeiro mandato não sentimos tanto o impacto da falta de um representante da cidade porque o Roberto Santiago ainda era deputado federal. Foi o período que mais recebemos verbas. O modelo brasileiro, apesar de haver o pacto federativo e algumas regras de distribuição de recursos para municípios e estados, pela questão econômica e populacional, boa parte do recurso vêm pela articulação política”, avalia.
Saulo complementa que o crescimento da cidade passa por alguns equipamentos públicos que ajudam a alavancar o desenvolvimento. “Por exemplo, ter uma FATEC, um Hospital Regional, um Instituto Federal… E infelizmente só é possível conseguir esses equipamentos pela articulação política. Ter alguém representando não só Atibaia como a região seria uma forma de incluir no mapa não só do Estado de São Paulo, como também do Brasil, nessa relação com Brasília”.
Saulo conta que no momento que Atibaia deixou de ter um deputado, percebeu que a viabilidade de agendas com os ministérios ficou difícil. “Há diversos programas de transferência de recursos para a cidade, como o Minha Casa Minha Vida, Pró-Transporte, Avançar Cidades. Consegui muito recurso para pavimentação e saneamento, na época em que tínhamos um deputado em Brasília”.

FALTA DE RELACIONAMENTO
Para ele, hoje não há relação com Estado ou Governo Federal. “Hoje essa relação não existe. Nossa região está fora do mapa político, fora do radar do Governo do Estado e do Governo Federal. Não somos Vale do Paraíba, não somos Aglomerado Urbano de Jundiaí, não somos Região Metropolitana de São Paulo e nem Região Metropolitana de Campinas. Somos a segunda região mais pobre do Estado, atrás só do Vale do Ribeira. E somos uma das regiões mais bem posicionadas no mapa do Estado. Avalio que falta para nós um representante, para deixarmos de ser essa região que tem dificuldade em questões básicas. Inadmissível nossa região não ser contemplada com um Hospital Regional”.
Perguntando sobre como conscientizar a população sobre a importância de ter um representante, Saulo lembra que em 2018, cerca de 200 candidatos diferentes tiveram votos em Atibaia. “Entendo que tenha gente que não goste de mim por diversos motivos. Então se tem um outro nome que seja consenso, que todos gostem, vamos todos apoiar essa pessoa. Mas não existe quem seja unanimidade. Esse requisito não vamos preencher. Outro requisito a ser levado em conta é quem adquiriu conhecimento, articulou politicamente e construiu musculatura política a ponto de chegar hoje e dizer ‘eu tenho uma bagagem política que me qualifica’”, questiona, considerando que sua pré-candidatura tem chances se a cidade se conscientizar que tem papel fundamental nessa eleição de juntar esforços.
Saulo diz que está colocando o nome à disposição, mas que o movimento tem que ser mais forte por parte da sociedade, ou seja, os eleitores da cidade realizarem um movimento por um candidato local. “Tenho deixado claro que se tiver outra candidatura com chance de ganhar, eu serei o primeiro a apoiar”.
O trabalho de articulação, que sempre precede um ano eleitoral, já começou. Saulo coordena 29 cidades pelo PSD. Mas diz já ter feito um raio de 300 km no entorno de Atibaia para a campanha.
Sobre o atual deputado estadual Edmir Chedid, avalia que as candidaturas não conflitam. “Temos uma candidatura consolidada em Bragança Paulista, do Edmir, que provavelmente seja candidato a estadual novamente. É uma candidatura que não conflita com a minha. Ele é para estadual e eu para federal. Seria razoável uma conversa com Edmir para nenhum dos dois fazer movimento para a região não correr risco de perder o que tem e o que pode ter. A região pode ter Edmir novamente como deputado estadual e eu acredito ter chances para deputado federal. Quem ganha com isso? Independente de partido? A região ganha”.

PERFIL DA REGIÃO
Saulo também fala que é preciso uma definição clara do perfil desejado para a região. “Avalio que Turismo e Indústria de Alta Tecnologia sejam os melhores caminhos para essa região. Se esses dois setores funcionarem, teremos reflexos nos demais. Atibaia vai ser a locomotiva do desenvolvimento econômico da região. Mas precisamos de duas coisas fundamentais: qualificação da mão de obra e logística. A duplicação da rodovia Bragança-Socorro e da Bragança-Itatiba já deveria ter acontecido. Outra coisa que precisa é um olhar especial para a rodovia Edgar Máximo Zamboto”.
Saulo também enfatiza que é preciso ter uma FATEC e um Instituto Federal na região que atendam à identidade local, que qualifiquem para as necessidades das empresas. E lembra, na Saúde, a importância do Hospital Regional. Saulo apresentou projeto de um hospital para Atibaia que poderia virar um equipamento regional, mas a construção foi interrompida na Justiça. “O hospital não saiu porque está parado na 4ª Vara Cível de Atibaia, e agora pediu uma perícia. Hoje para fazer a obra já fica o dobro do que foi orçado na época, tudo subiu com a pandemia”.
Na avaliação do ex-prefeito, questões políticas estão atrapalhando a cidade e a região. “Justiça não decidiu rápido e deveria decidir rápido essa questão”.

OBRAS
Ao final do segundo mandato como prefeito, Saulo deixou algumas obras importantes para a cidade. Entre elas a duplicação da Avenida Jerônimo de Camargo, cujas obras tiveram continuidade sob o governo de Emil Ono e serão inauguradas no próximo dia 5 de dezembro.
“Eu pedalo e passo por ali quase todo dia. Sentimento é de alegria e satisfação. Quem lembra como era e vê como está, percebe a grande diferença. Mas minha avaliação é que ela já nasceu saturada. Se analisarmos os dispositivos de retorno, ela vai necessariamente precisar de vazão. Claro que não tinha como fazer algo maior. Ficou bom, fiquei feliz e acredito que o futuro da cidade é duplicar até o final, passando o Caetetuba até a saída na divisa com Jarinu”.

RELAÇÃO COM EMIL
Sobre a relação com o sucessor, o atual prefeito Emil Ono, Saulo Pedroso diz que não tem havido muita conversa desde que Emil assumiu o governo. “Conversamos mesmo duas ou três vezes. Ele não é um cara de chamar para conversar, que dialoga. Emil quer tocar o governo da forma dele. Ele é o prefeito e vamos respeitar. Se fizer bom mandato, vamos apoiar, é evidente”.

CANDIDATURA
Perguntado por nossa reportagem, Saulo diz que não quer falar nada sobre 2024, o foco agora são as eleições do ano que vem. “Já conversei com o Lucas Cardoso, tentei falar com o Daniel Martini e com o Beto Tricoli, mas não consegui, para que eles não façam nenhum movimento que possa atrapalhar minha candidatura para 2022 na região. Qualquer que seja o movimento, que ele seja conversado comigo para que não seja feita nenhuma dobrada com candidatos de fora”.

FICHA LIMPA
Para finalizar, Saulo destaca que não tem qualquer impedimento com relação à eleição de 2022. “Não há nenhuma condenação transitada em julgado. Todos os processos que ainda estão em andamento cabem recurso”. Com relação a processos em 2ª instância, diz que sentenças não interferem na Lei da Ficha Limpa, já que não há enquadramento em artigos que impedem uma candidatura.
“O que tem contribuído para a defesa é a aprovação de contas pelo Tribunal de Contas do Estado. Dos 8 anos de mandato, tenho sete contas aprovadas. Só não aprovou a de 2020 ainda porque não foi para plenário. O Tribunal encaminhando as contas aprovadas, nós defendemos processos apontando que não houve irregularidade encontrada”, finaliza.