A saúde midiática dos governantes

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A saúde dos governantes, em qualquer nível de poder, sempre foi assunto da mídia. Nesta quadra do tempo, marcada pelas redes sociais e pelos “prisioneiros virtuais” (nas jaulas de seus telefones), a importância desse aspecto só cresceu. A presença física, com disposição e qualidade, é algo indissociável da avaliação positiva do poder. Poder doente está podre, está para cair.
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, explicou o tratamento de seu câncer no programa Roda Viva, da TV Cultura. Aqui em Atibaia, os eleitos de plantão têm reconhecido, com certa freqüência, a obrigação de vir a público explicar o bom ou o mau desempenho de seu corpo, não apenas pela aparência, mas pela funcionalidade mesmo. Hoje, em todos os lugares, os governantes estão reforçando a busca incansável pela saúde. Ufa!
E, até onde eu sei na minha profunda ignorância, saúde de governante sempre foi assunto extremamente político e midiático. Lembro quando a imprensa internacional especulava sobre a saúde o líder soviético Leonid Brejnev. Ele aparecia em recuperação ou como um robô “falando por instrumentos” em declaração ao povo do seu país. No mesmo dia, ele poderia surgir das cinzas como morto ou vivo. Morreu de forma suspeita em 1982, provavelmente de overdose, estimulada por sua enfermeira, associada à polícia secreta.
O caso Tancredo Neves, presidente que morreu antes de exercer o cargo, colocou em cena, de maneira dramática, o cargo de porta-voz ou assessor de imprensa de figurões. O jornalista Antonio Britto aparecia em rede nacional para repercutir os últimos boletins médicos. A agonia e a morte de Tancredo foram episódios muito marcantes da imprensa e da história política brasileira. Naquela quadra do tempo, a gente contava os minutos para o fim da ditadura militar.
Por falar nisso, os ditadores, não apenas os latino-americanos, sempre tentaram esconder seu estado de saúde, fugindo dos boatos. Enquanto o povão fica na fila do posto de saúde, os poderosos se escondem nos melhores hospitais, lutando “bravamente” contra a morte. Pensando bem, uma luta quase sempre inglória, acompanhada por traumas e revanches.

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