Justiça Restaurativa quer mudar a cultura de violência

Como avançar com a Justiça Restaurativa? Como a ética deve permear as práticas restaurativas e como sustentá-la em tempos de urgência e esgarçamento de instituições e ambiências democráticas? Para responder essas e outras questões, a Escola de Mediação, do Rio de Janeiro, promoveu o evento “Justiça Restaurativa em tempos estranhos”. Qual é a essência desse movimento? Vamos buscá-la e respostas interessantes foram novamente publicadas no site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O leitor precisa fixar que existem siglas consolidadas no mundo da mediação, como o Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (NUPEMEC); o próprio Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC); as Varas da Infância e da Juventude e a Justiça Restaurativa da Infância, Juventude e Idoso; e as Escolas de Administração Judiciária (ESAJ). Todos trabalham com a certeza da “importância da formação para a execução dos projetos”, da valorização de fóruns de discussão interna para estabelecermos linhas de atuação institucional e até mesmo predileção especial pela relação entre os tribunais e as escolas de ensinos fundamental e médio.
Todos nós acompanhamos, com tristeza e perplexidade, as notícias sobre os massacres em escolas. O momento favoreceu que houvesse vontade política e os órgãos citados acima elaboram protocolo de prevenção à violência nas escolas com o apoio das Secretarias de Educação, focado na prevenção de futuros ataques. A expectativa só pode ser a de “mudar a cultura de violência”.
Pela experiência paulista, a Justiça Restaurativa traz uma proposta inovadora, libertária e democrática. São Paulo está em momento desafiante, porque é preciso saber como lidar com a intolerância e o esgarçamento social sem exacerbar tudo isso. O segredo dos mediadores está no coração, na conexão interna, no apuro da técnica, na escuta empática. Se você quer estabelecer diálogo verdadeiro, não será pela ameaça, pelo castigo, pelo constrangimento, pela vergonha.
Em palavras ouvidas no evento, precisamos fazer o resgate do diálogo. Se o momento é de convivência humana com muito conflito, muita polarização, temos de colocar a Justiça Restaurativa com essa qualidade de presença e não enfatizar os debates exaltados. Na dimensão humana, viver a ética para pensar e agir.