O perdão não muda o passado, mas amplia o futuro

A frase do título tem um autor, Paul Boese. Estou me baseando aqui em anotações que fiz em outubro de 2021, durante palestra online do CEJUSC. Tatiane Carvalho Schippnik da Cruz falou sobre o desenvolvimento de competências emocionais no caso do mediador/conciliador. Abordou temas delicados e profundos como culpa, passividade e proatividade na responsabilização entre as partes em conflito. Sobre a culpa, afirmou: “Não devemos ser carrascos de nós mesmos”.
“A culpa é um sentimento negativo, que nos prende a uma situação, não nos deixando viver o presente. Ou seja, nos paralisa. Muitas vezes, a culpa traz a vergonha, impedindo inclusive que se peça perdão, que se corrija de alguma forma o que foi feito de errado”, acrescentou. “Ao mesmo tempo, a culpa nos abre o caminho para aprendizado e para chances de crescimento. É importante analisarmos nossas condições de mudança, observando o medo, o preconceito, as formas de pensar, ver e viver”.
Claro que não podemos confundir as audiências de mediação/conciliação com sessões de terapia, no divã. São coisas diferentes, mas temos de reconhecer também que as técnicas/orientações da psicologia são úteis para os mediadores no acolhimento, na compreensão e aceitação das personalidades em jogo, na firmeza e afinidade para condução das negociações e para a elaboração de acordos firmes e flexíveis. O Dr. Fred Luskin, autor de “O Poder do Perdão”, fala das etapas do perdão, do conceito de gestão emocional e das técnicas de controle do estresse. Outra referência é o documentário “O silêncio dos homens”, que mostra a dificuldade masculina em mergulhar nos territórios da emoção, das contradições internas de todo ser humano, das dificuldades de superar traumas e feridas de infância.
Para Luskin, o exercício do perdão “é benéfico para a saúde física e mental de qualquer pessoa”. Em outras palavras, tem poderes curativos, assim como a gratidão. Reconhecendo que perdoar pode ser divino, mas não é fácil. Como perdoar um chefe grosseiro, um parceiro infiel, um sócio trapaceiro, um motorista barbeiro ou uma mãe displicente? A arte de perdoar exige esforços e austeridade em troca de muitos benefícios. Luskin converteu elementos essenciais de extensos estudos e pesquisas em guia acessível, permitindo que qualquer pessoa supere os efeitos negativos da mágoa, do ódio e da raiva. Vale a pena tentar e persistir!