Campanha global joga luz na diversificação financeira e na reserva de emergência

Wagner Casemiro

A Semana Mundial do Investidor (World Investor Week), evento realizado neste outubro, é uma campanha global de proteção e educação dos investidores, promovida pela Organização Internacional das Comissões de Valores (IOSCO). No Brasil, é coordenada pela CVM e conta com a participação de várias instituições. O foco em 2021 foi a diversificação financeira. É um dos segredos e tem como objetivo aplicar o dinheiro em vários ativos para obter bons rendimentos, independente das condições de mercado. A diversificação também gera fluxo de caixa, ou seja, há entradas recorrentes das remunerações das aplicações. Esse dinheiro pode ser utilizado para reinvestimentos em novos ativos ou para pagar as contas.
A pandemia de coronavírus comprometeu o orçamento e a vida de muitas famílias. Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostrou que o percentual de famílias brasileiras com dívidas continua alto e chegou a 72,9% em agosto. Os motivos são muitos: as despesas cada vez mais altas, o salário que não acompanha esse aumento, mas também a falta de controle e conhecimento sobre o uso consciente do dinheiro.
Nesse contexto, a educação financeira se mostra cada vez mais importante. Ao lado das noções básicas de investimentos, outros pontos em destaque neste mês foram as finanças sustentáveis e a prevenção a golpes e fraudes. Também foi lembrada a importância da reserva de emergência, que ajuda a amortecer eventuais quedas. É aquele dinheirinho guardado para ajudar em imprevistos variados, seja uma necessidade médica, uma conta não planejada ou mesmo uma demissão. O melhor é construir a reserva de emergência antes mesmo do pagamento das contas. O conselho é dividir os potes: tirar um percentual para a reserva de emergência, outro para o custo de vida e um terceiro para os sonhos, desejos.
Os especialistas dizem: “A principal orientação é saber onde o paciente está. Ver o quanto gasta e quais as dívidas que tem para depois buscar o equilíbrio e destinar parte dos recursos para a reserva de emergência”. Bom conselho é retirar o valor de reserva logo no início do mês: “Não espere pagar todas as contas para ver o que vai sobrar para investir. Garanta essa parcela antes dos demais compromissos, porque o supérfluo acabará ficando para trás. Se deixarmos para guardar o que sobra, nunca sobra”.
O rombo é produzido pelas pequenas escapadas, aqueles repetidos cafezinhos ou sorvetes. Tudo somado, no fim do mês vai dar muito problema”. O ideal é fazer o acompanhamento semanal dos gastos, inclusive daquelas pequenas comprinhas no mercado, aquela saidinha com os amigos, etc. “Se colocar tudo em uma planilha, verá que aqueles pequenos adicionais do dia a dia são o que nos fazem furar o orçamento”.
A reserva de emergência pode ter valor equivalente a pelo menos três vezes o custo de vida. Quanto maior esse valor, maior será o “colchão” para amortecer eventual queda. A orientação dos especialistas é buscar investimentos com boa rentabilidade e liquidez diária, ou seja, não precisa esperar para retirar – pede o resgate hoje e hoje mesmo sai com o dinheiro. Por isso, a poupança não é o melhor lugar para a reserva porque, além de não ter rentabilidade boa, trabalha com carência de 30 dias.
A análise deve ser no caso a caso. A primeira coisa é olhar para as dívidas e observar os juros. Hoje há uma facilidade para a portabilidade das dívidas. Olhe para isso e sempre seja transparente com seu credor. Se não está dando conta de pagar, volte e converse, mas não deixe de pagar. E tente, sem assumir novas dívidas, reavaliar a melhor maneira de “caber” as pendências no orçamento.

* Wagner Casemiro é Secretário Municipal de Habitação de Atibaia, Professor Universitário Especialista em Administração, Contabilidade e Economia e Representante do CRA – Conselho Regional de Administração Atibaia.