Desinformação é grande ameaça à integridade e à segurança da população

Tudo o que aconteceu e ainda vai acontecer em função das eleições municipais de 2024, mais uma vez justifica a preocupação com a desinformação e as fake news, que surgiram como grandes ameaças à integridade e à segurança da população. Esses fenômenos, amplificados pelas plataformas de mídias sociais, não apenas distorcem a verdade, mas também minam a confiança nas instituições, criam divisões sociais e colocam em risco os direitos constitucionais.
Segundo a Conectas, organização de direitos humanos, as consequências da desinformação são especialmente graves para grupos historicamente marginalizados, como mulheres, pessoas negras e LGBTI+, que frequentemente se tornam alvos de campanhas coordenadas de desinformação, violência política e discurso de ódio digital. Acompanhando a análise de Nina Santos, doutora em Comunicação e pesquisadora no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital e na Université Panthéon-Assas, a entidade registrou que “a desinformação afeta a própria possibilidade ou habilidade das pessoas, especialmente mulheres e pessoas negras, de estarem em espaços sociais, sejam espaços de poder, espaços políticos, disputar eleições, exercer atividades como jornalismo ou defesa de direitos humanos”.
“Quando falamos da desinformação e discurso de ódio em ambientes digitais, certamente precisamos considerar que esses fenômenos afetam de maneira desproporcional grupos mais vulnerabilizados. Portanto, precisa haver políticas específicas para que essas populações ou esses segmentos sociais estejam protegidos. A desinformação tem efeitos muito concretos na vida das pessoas. Em pesquisa de 2021, especialmente sobre o efeito de ataques online a mulheres jornalistas, vimos que um dos comportamentos mais frequentes relatados por essas mulheres era o da autocensura, aquele momento em que você próprio passa a se limitar no exercício do seu trabalho para não se expor a determinados riscos. Então, os efeitos desses processos são muito concretos”, apontou a especialista.
Para ela, em termos legislativos, não avançamos no sentido de ter uma regulação para essas plataformas digitais e retrocedemos em alguns aspectos, como, por exemplo, o acesso a dados dessas plataformas digitais e a emergência da inteligência artificial enquanto ferramenta mais popular e acessível.