Conflitos são normais e sua solução pode ser menos dolorosa

Interessado na experiência de conciliadores e mediadores do CEJUSC Atibaia/Jarinu – Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania, solicitei apoio ao chefe da unidade em Atibaia, Edson de Oliveira Dorta, para colhermos depoimentos. Pensamos em cinco questões que poderiam tocar em aspectos desse trabalho: qual é sua formação no âmbito do Direito e sua experiência com mediação de conflitos? Em que situações sociais a Oficina de Pais pode contribuir mais? A Oficina pode evitar a transformação dos conflitos entre pais em processos judiciais? Como as famílias podem evitar as separações litigiosas e estimular uma parentalidade sadia? E que mensagem deixa para os casais divorciados?
Recebemos algumas respostas e vamos iniciar nesta edição a sua publicação, começando pela dra. Adna Soares, advogada da área de família, com atuação há 25 anos. Ela fez o primeiro curso de mediação ministrado na AASP (Associação de Advogados de São Paulo),que ocorreu em meados de 2009. Depois, realizou o curso pelo TJSP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) e estágio também pela mesma instituição. Entre 2017 e 2019, atuou como mediadora no Fórum de Santana, na Capital.
Segundo a dra. Adna, “as relações de família estão cada vez mais difíceis. Quando se trata de dissolução do casamento, os rancores e magóas vêm à tona, fica ainda maior o problema. Nas situações de divórcio, pedido de pensão alimentícia, visita de menor e nos diversos campos de conflitos familiares, que muitas vezes envolvem inclusive os avós, a oficina tem um papel muito importante, esclarecendo que os conflitos são normais e a forma de resolvê-los pode ser menos dolorosa”.
A advogada acrescentou que há dois caminhos a seguir: um muito ruim, que fortalecerá as mágoas; e um mais leve, que fortalecerá o vínculo familiar. “O papel da oficina é levar para as pessoas que tudo pode ser resolvido de forma mais branda e com o menor prejuízo possível. Não deixará de ser dolorosa a dissolução, mas podemos amenizar o sofrimento. Com certeza, em muitos casos a oficina tem papel fundamental ao evitar o processo judicial ou colocar fim se já existir processo”.
Para a dra. Adna, os familiares podem buscar “as novas modalidades de solução de conflito, bem como aprender como lidar com as inovações em todas as esferas da nossa vida, que incluem mudanças também na família, na criação de filhos, na postura dos pais. Com a mudança rápida da sociedade se faz necessário maior envolvimento do Poder Judiciário e da sociedade para amparar os menos privilegiados, principalmente”.
“Divórcio não é o fim da família, o que acaba é o laço entre os integrantes do casal, mas a família continua, quando se tem filhos. Pai e mãe estarão ligados por toda a vida em função dos filhos, que também terão filhos e darão continuidade à história dessa família. O caminho deve ser sempre o de paz para todos os integrantes, que inclusive seguirão o exemplo deixado pelos seus pais. Os conflitos devem ser elaborados e não superados, com o fim de transformar em oportunidade um momento díficil, com o de melhoria na qualidade dos relacionamentos”, concluiu a mediadora.
O CEJUSC de Atibaia tem como coordenador o juiz de Direito Dr. Rogério Correia Dias. É resultado da parceria entre o Tribunal de Justiça de São Paulo, a Prefeitura de Atibaia e a UNIFAAT Centro Universitário. Seu endereço é rua Bartolomeu Peranovich nº 200, Centro. Devido à pandemia, fisicamente, encontra-se fechado, mas os trabalhos continuam em plena atividade na modalidade virtual, com sessões de conciliação e mediação pela plataforma Microsoft Teams. Os contatos são pelo e-mail cejusc.atibaia@tjsp.jus.br.