Projeto Agente Multiplicador aborda o papel do advogado na mediação

Luiz Gonzaga neto

O Projeto Agente Multiplicador, do CEJUSC Atibaia-Jarinu (Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania), realizou em agosto a exposição/palestra “O Papel do Advogado em Tempos de Mediação”, a cargo da dra. Márcia Raicher, gestora da Câmara Arbitral Latino-Americana (CALA). Foi um dos eventos mais participativos da programação em 2021, indicando que as relações entre advogados e mediadores também precisam, frequentemente, do espírito de negociação. Todas essas atividades contam com a coordenação do juiz coordenador Dr. Rogério Correia Dias.
Inicialmente, a dra. Márcia contou que tem 42 anos de advocacia, com pós-graduação em Docência do Ensino Superior e atuação em áreas como Direito Empresarial e Direito Tributário. Em sua trajetória, está também a função de juíza instrutora do Tribunal de Ética da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Ela declarou que chegou à mediação porque não gostava do “olhar de julgamento”, da ênfase no litígio e da dificuldade de renovação e mudança na categoria advocatícia.
“O cliente confia no advogado. Não confia na lei ou no Direito. O advogado não precisa temer esse novo paradigma, essa nova realidade da Justiça. Como diz o historiador Leandro Karnal, temos outros saberes. Não precisamos nos engessar”, contextualizou a advogada. “A abertura para a mediação não significa que o advogado perderá, necessariamente, o glamour da profissão. Pelo contrário, a conciliação é um novo cenário da Justiça e permite a realização de acordos exequíveis, com validade jurídica, a partir de estudos técnicos e ferramentas altamente viáveis. Se não fizermos isso, estaremos fora do mercado”.
“O advogado moderno está ligado nos meios alternativos, olhando mais para a advocacia preventiva que para a contenciosa. É saber brigar, sim, mas também saber resolver sem brigar. O foco é não ‘remendar’. O cliente não quer pagar por problema, mas pagar pelo trabalho. Até mesmo os grandes escritórios já têm departamentos de mediação, instrumento instituído por lei em 2015, funcionando como antessala do combate judicial, exatamente para desafogar o Judiciário e trazer maior celeridade na busca do direito e da consequente justiça”, acrescentou a palestrante.
Durante a exposição, a dra. Márcia acolheu depoimentos de mediadores e convidados. “Devemos ativar a expertise para o conhecimento, trazer novas soluções para problemas velhos”, indicou a dra. Eloísa Hashimoto. “Nas faculdades, somos treinados para litigar”, reconheceu Marcos Ximenes de Brito, que foi palestrante em evento anterior. Houve contribuições ainda de Elissandra da Silva Nascimento, Eduardo Rocha, Denis R.M. Matias, Jacqueline Reichen Rosa, Eliete Gomes e Antonio Segantin. Terminando com uma declaração da palestrante: as faculdades já descobriram o potencial da mediação; e o “nirvana” dessa atividade seria ensiná-la para as crianças.

* Luiz Gonzaga Neto é jornalista, analista em comunicação da Câmara de Atibaia e blogueiro, autor de brincantedeletras.wordpress.com. Esta coluna pode ser lida também no site do jornal O Atibaiense – www.oatibaiense.com.br.