Partido funciona como empresa e sua gestão trabalha com as mutações da política
A política se profissio-nalizou no país e, nas últimas eleições, Atibaia vem indicando avanços nesse quesito. O marketing já é hoje uma ferramenta aceita e reconhecida em todas as instâncias da vida pública. Com a proximidade das eleições municipais, marcadas para 15 de novembro deste ano, esse cenário ganha luzes, câmeras e ações.
“Os partidos funcionam hoje como empresas. Têm CNPJ, precisam prestar contas à Justiça Eleitoral. A estruturação de campanhas utiliza recursos semelhantes aos das empresas. Os candidatos seriam ‘produtos’ humanos, inseridos no mercado de votos, para conquistar segmentos da população. Estudos e pesquisas sobre a opinião pública se tornaram indispensáveis. Na política, não cabe mais amadorismo”, afirmou Wagner Casemiro, que é dirigente partidário do PSC (dois vereadores, um suplente e militantes em condições hoje de ocupar o espaço das pré-candidaturas).
REFORMA ADMINISTRATIVA
Wagner tem uma série de atividades que o credenciam como administrador público: chefe da Divisão de Recursos Humanos da Câmara, professor da Fatec de Bragança e representante em Atibaia do Conselho Regional de Administração (CRA-SP). No ano passado, foi chefe de gabinete do então presidente da Câmara de Atibaia Tiãozinho da Farmácia e continuou em 2020 na força-tarefa que realiza revisões salariais e funcionais no Legislativo e que agora prepara uma reforma administrativa, dentro do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) entre Câmara e Ministério Público.
“Os partidos políticos devem ter contas transparentes, porque materializam a representação popular, refletindo o pensamento das maiorias e das minorias dos grupos sociais. A justificativa da necessidade de prestação de contas e transparência da contabilidade partidária se dá pelo fato de ter suas origens constituídas desde recursos próprios, contribuições e doações até recursos públicos oriundos do Fundo Partidário”, acrescentou Wagner, referindo-se ao que especialistas da matéria indicam.
PODE SURGIR O NOVO
Segundo artigos postados no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), esse tema ganhou importância em função da pouca exploração do assunto, que necessita de valorização. “O grau de transparência da contabilidade dos partidos políticos ainda está em estágio neutro e, para que atinja um grau de maior satisfação, considerado bom em termos de transparência de acordo com o modelo proposto, necessita-se de atenção aos requisitos legais que tornam mais completas as informações exigidas”, observou um dos textos consultados pelo jornal O Atibaiense.
Wagner Casemiro lembra que a política passa por uma fase de grandes revisões. “Por um lado, vemos a evidente decomposição do sistema de representação política, com conflitos criados pela ocupação das instituições e pela falta de alternativas claras. Por outro, temos a invasão do espaço de debate, às vezes de forma positiva mas frequentemente de forma negativa, pelas redes digitais, que surgem como mediadoras entre a sociedade e o Estado. Deixando de lado o pessimismo, acredito que é da discussão sobre essa crise, rompendo-se as construções e ideias petrificadas, que poderá surgir o novo”.