2020 deveria acabar em julho, considerando desperdício de recursos naturais
Luiz Gonzaga Neto / Mikael Nitai
Imagina se você, depois dos compromissos e promessas assumidos no Ano Novo, tivesse de concluir que 2020 não poderia passar de julho. É estranho? Pois Davi Calazans, do “Ponto em Comum” (canal no Youtube), tem uma resposta para isso.
Segundo ele, a questão tem a ver com galinhas no fim do mundo. Como? Imagine novamente que você chegou ao tal “fim do mundo” e é o único sobrevivente da espécie humana. Humana? Nem tanto.
Voltando à visualização proposta: você está sobre a Terra abandonada e sem ninguém e de repente encontra uma cabana, onde constata a presença de uma galinha ao lado de uma cesta com uma dúzia de ovos. Pronto, agora você não morre mais de fome. Parece até que alguém deixou tudo aquilo preparado para salvá-lo como único indivíduo de duas patas – depois da galinha, evidentemente.
Antes de começar a comer os ovos, você tem de resolver um problema: quantos ovos posso comer ao dia, dependendo da “produção” da galinha? No primeiro dia, você come um ovo e vê que a galinha também pôs um ovo. No segundo dia, resolve arriscar e come dois ovos e, novamente, a galinha repõe os dois ovos, dando a impressão de que está no melhor dos mundos.
QUANTOS OVOS COMER?
Você pensa em ousar e come três ovos no terceiro dia. A galinha, então, põe dois ovos, talvez seu limite de reposição. Fica claro que a primeira opção – comer um ovo por dia – é a melhor; caso contrário, ficará sem alimento, iniciando um processo de autodestruição. Em outras palavras, a galinha no fim do mundo é uma metáfora. Você representa a humanidade e é desafiado a fazer escolhas. Os ovos e a galinha são os recursos naturais que utilizamos para sobreviver, de forma racional ou irracional.
Vamos decidir comer mais ovos, desobedecendo a capacidade da Terra de repor os recursos? Como os mares, as árvores, o solo utilizado pela agricultura e pecuária, por exemplo, podem repor as disponibilidades? Em síntese, existe uma linha de consumo/demanda e uma linha de reposição. Como as duas não estão equilibradas, o problema cresce como monstro.
QUAL É O FUTURO?
Quando destruímos a natureza, fauna e flora, num ritmo acelerado, destruímos também as condições de reposição. Se a Floresta Amazônica, que absorve o carbono da atmosfera, for excessivamente danificada, como poderá se recuperar? Em outras palavras, a nossa galinha está produzindo menos ovos diante das necessidades que geramos. Colocando no gráfico as duas linhas, produção e demanda de recursos, a conclusão é de que 2020 deveria se encerrar em julho. Vai faltar “ovo” para a humanidade.
Se temos 365 ovos para o ano, estamos consumindo 1,75 ovo por dia. O que acontece, então? Os ovos vão acabar em 29 de julho. Desde 1970, a humanidade vem sobrecarregando o planeta. Naquele ano, os recursos acabaram no dia 29 de dezembro. E o dia da sobrecarga foi acontecendo cada vez mais cedo. Em 1980, foi em 4 de novembro. Em 2000, no dia 23 de setembro. E agora, 50 anos depois, a expectativa é de que a humanidade consuma os recursos do ano até o final de julho. Teríamos de nos congelar no tempo, de julho até o dia 31 de dezembro. Não podemos fazer isso como num passo de mágica, mas podemos trabalhar para a conservação dos recursos. Conclusão: a galinha não produz ovos infinitamente, colocando uma interrogação para o futuro da humanidade.