Como ensinar aos jovens a confiança na imprensa?
Mariana Mandelli é coordenadora de comunicação do Instituto Palavra Aberta. Ela escreveu artigo, publicado no site do organismo, que responde esta pergunta do título. Logo no início, aponta: quando pensamos que 91% dos brasileiros afirmam usar a internet para tomar conhecimento do que ocorre no País e no mundo, temos a dimensão do cenário.
É importante dizer que não se trata de condenar a internet como meio para se informar — afinal, os próprios veículos de credibilidade estão lá, caso do nosso querido jornal O Atibaiense. O problema está em achar que a web é homogênea e que a infinidade de conteúdos ali disponíveis reflete a realidade apenas porque concordamos com deles, alertou a autora.
Um dos ingredientes mais abundantes nesse caldeirão fervilhante e de sabor amargo é a desinformação (ou “fake news”, termo mais popular). Não por acaso, há aumento considerável nos ataques a jornalistas e veículos, moral e fisicamente. Tal contexto é agravado pela ideia de que todos somos produtores de conteúdo.
Segundo Mandelli, com a facilidade que temos para criar um blog, canal de YouTube ou podcast, deixamos o posto fixo de receptores de informação para sermos autores, emitindo opiniões e compartilhando ideias. Isso é bom e muito ruim, ao mesmo tempo. “Tudo isso é ótimo pois empodera os usuários. Porém, tal mudança de paradigma não significa que sejamos todos jornalistas, ou que a página daquele amigo ou conhecido seja baseada em imparcialidade e profissionalismo, com o compromisso de apenas informar ou analisar fatos — e não de convencer ou disseminar um determinado ponto de vista”.
Nesta quadratura do tempo, o limite entre questionar a origem de uma informação e desacreditar veículos jornalísticos mostra-se demasiadamente tênue. A imprensa deve, sim, ser criticada sempre, e não defendida a qualquer custo. Assim como “vigia” o poder público, a audiência deveria ser guardiã da qualidade do jornalismo. Mas, para criticar de modo assertivo, é preciso entender realmente como funciona o trabalho jornalístico. Ora, se os pais e mães não valorizam o trabalho da imprensa, como seus filhos — ou seja, as futuras gerações de cidadãos — confiarão nele?
Excelente pergunta, que deixo aqui para vocês.