Eco: “redes sociais deram voz aos imbecis”

Calma, leitor. Não sou eu que estou falando no título. É simplesmente o Umberto Eco, o grande escritor de “O nome da Rosa” e muitos outros títulos. Escrevendo para a Reuters, Andrea Comas definiu o autor como alguém que adorava
“discutir a comunicação, a cultura e a sociedade, aliadas às novas tecnologias”.
Entre as falas de Eco compiladas pelo HuffPost Brasil, está: “As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel. O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”.
“A internet não seleciona a informação. Há de tudo por lá. A Wikipédia presta um desserviço ao internauta. A internet ainda é um mundo selvagem e perigoso. Tudo surge lá sem hierarquia. A imensa quantidade de coisas que circula é pior que a falta de informação. O excesso de informação provoca a amnésia. Informação demais faz mal. Quando não lembramos o que aprendemos, ficamos parecidos com animais. Conhecer é cortar, é selecionar”.
Mais um pouco de Eco: “O problema da internet é que produz muito ruído, pois há muita gente a falar ao mesmo tempo. Faz-me lembrar quando na ópera italiana é necessário imitar o ruído da multidão e o que todos pronunciam é a palavra ‘rabarbaro’. Porque imita esse som quando todos repetem ‘rabarbaro rabarbaro rabarbaro’, e o ruído crescente da informação faz correr o risco de se fazer ‘rabarbaro’ sobre os acontecimentos no mundo”.
Mas talvez tudo isso seja apenas uma defesa contra a passagem: “Nós temos um limite, muito desencorajador e humilhante: a morte. É por isso que nós gostamos de todas as coisas que nos parecem ilimitadas e, portanto, sem fim. É uma forma de fugir dos pensamentos sobre a morte. Nós gostamos de listas porque não queremos morrer”.

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