Criador da bomba atômica percebeu a importância do equilíbrio entre as nações

É um dos capítulos mais tristes da história da humanidade: a criação da bomba atômica e seu lançamento sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão. Vi com meu neto Mikael, domingo passado, no cine Atibaia, o filme “Oppenheimer”, de Christopher Nolan, que acompanha a vida de J. Robert Oppenheimer, físico teórico da Universidade da Califórnia e diretor do Laboratório de Los Alamos durante o Projeto Manhattan, cuja missão foi “injustamente” projetar e construir as primeiras bombas atômicas.
Baseado em livro biográfico, vencedor do Prêmio Pulitzer, “Prometeu Americano: O Triunfo e a Tragédia de J. Robert Oppenheimer”, escrito por Kai Bird e Martin J. Sherwin, o filme é ambientado na Segunda Guerra Mundial, em 1945. “Este é um filme sobre consequências”, comentou Nolan em entrevista ao site AdoroCinema. O diretor não poderia ter condensado melhor a sensação de ver na tela grande essa ferida aberta. Oppenheimer foi uma das pessoas mais importantes no mundo da ciência e do poder bélico das grandes nações. Sua invenção marca um dos momentos mais terríveis de nossa passagem sobre este planetinha do sistema solar, a Terra.
Após crises depressivas e problemas familiares, o criador da bomba concluiu pela importância do equilíbrio diplomático entre as nações e do pacifismo. “Nós sabíamos que o mundo nunca mais seria o mesmo”, recordaria Oppenheimer anos depois da explosão sobre o Japão. “Algumas pessoas riram, outras choraram – e a maioria ficou em absoluto silêncio. Eu pensei: ‘agora me tornei a Morte, o destruidor de mundos”. A frase é referência ao Bhagavad Gita, o livro sagrado hindu, em que o guerreiro Arjuna reluta em guerrear contra a própria família e encontra respaldo e conselhos em Krisha. O cientista era um intelectual completo e um grande líder de equipes, arregimentando os melhores cientistas da época para desenhar o artefato monstruoso. Ele gostava de poesia e artes plásticas e se interessava por línguas, astrofísica e temas como os famosos “buracos negros”.
Depois de sofrer perseguições políticas, Robert fez como o príncipe da Gita: concluiu que havia cumprido seu “dever sagrado”. Segundo a revista Superinteressante (link https://super.abril.com.br/historia/oppenheimer-o-homem-por-tras-da-bomba/), a diferença é que sua tarefa concedeu à humanidade um poder que, na literatura, só pertencia aos deuses: o da aniquilação.