OSCIP SIMBiOSE apresenta resultados de projeto na 8ª Conferência Internacional de Incêndios Florestais

Neste mês de maio, a Associação Serra do Itapetinga Movimento pela Biodiversidade e Organização dos Setores Ecológicos (SIMBiOSE), uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), levou o nome de Atibaia para a maior conferência de incêndios florestais do mundo, realizada na cidade do Porto, em Portugal.

Antes de falar dos impactos concretos gerados pelo trabalho da SIMBiOSE, que a fizeram ser selecionada para estar entre os principais atores internacionais do cenário de incêndios florestais, é preciso refletir sobre a trajetória árdua dessa conquista.

Quem trabalha com conservação da natureza, qualquer que seja sua esfera de ação (biosfera, hidrosfera, atmosfera, etc.), precisa ter “estômago de aço” para lidar com volumes gigantescos de extinção de espécies, variações inesperadas ou subestimadas de volume de água, níveis alarmantes de poluição do ar e por aí vai.

O senso comum por vezes recorre a falácias como “queria eu poder trabalhar debaixo da sombra de árvores”. No entanto, trabalhar com conservação está longe de ser uma tarefa fácil. Para sérios profissionais da conservação — que conhecem e se importam com outras vidas (independente da espécie) ou com o bem-estar de todos os seres humanos —, é um trabalho difícil porque a estes parece que ontem, de fato, foi melhor do que hoje, que será melhor do que amanhã, e não o desejado contrário.

Contudo, resistir é uma arte cujas pinceladas, por vezes, desvenda caminhos para a resiliência. Mais que um mero flerte, a resiliência é a grande aposta para a adaptação da vida aos escombros de sua morada, o planeta Terra.

No final de 2016, a Associação Serra do Itapetinga Movimento pela Biodiversidade e Organização dos Setores Ecológicos (SIMBiOSE) retomou suas atividades de conservação de nossa querida Montanha, após um hiato de mais de quatro anos sem organização interna para gerar impacto positivo sobre a truncada relação sociedade-natureza em Atibaia. Para tal, estabeleceu como condições essenciais que: I) sua capacidade técnica fosse exaustiva e incondicionalmente explorada e fortalecida; II) houvesse colaboração ativa da sociedade e do poder público para apoio a tais projetos em seu fomento, planejamento e acompanhamento; III) se estabelecesse um protocolo para coleta e análise de dados relacionados às atividades realizadas.

Munida de quatro voluntários, um fusca, alguns anjos da guarda, o coração na ponta de seus abafadores velhos e, sobretudo, as tais condições arraigadas na mente dos quatro loucos (dois deles desempregados), começou-se uma jornada que culminou com a contribuição efetiva para que mais de 25.000 hectares prioritários para a conservação da natureza nos municípios de Atibaia e Bom Jesus dos Perdões tivessem uma redução de mais de 74% na área atingida por incêndios florestais, sem mencionar ações de restauração ecológica, educação ambiental, pesquisas científicas, manejo de áreas de interesse turístico e mais.

A capacidade técnica da instituição e seu pacto interno criado para sistematizar a coleta e análise de dados possibilitaram-na responder estatisticamente às perguntas: Nesse período, o que mais importou no decréscimo de áreas atingidas por incêndios florestais onde a SIMBiOSE atua? Fatores climáticos (variação de precipitação, dias de chuva, temperatura, umidade) ou fatores humanos (formação de profissionais remunerados e voluntários, estruturação mínima)?

Observamos por meio de correlações e regressões que o trabalho realizado em parceria com a Prefeitura de Atibaia, com o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente e apoiado pela Fundação Florestal, Coletivo Socioambiental de Atibaia e outras instituições locais gerou um modelo de governança participativa e investimento mínimo capaz de combater e vencer períodos climáticos adversos observados entre 2017 e 2022. Mais do que a redução, foi esse modelo bem-sucedido e replicável de projeto de conservação de áreas que levou a SIMBiOSE a Portugal para participar do maior evento técnico de discussão de incêndios florestais do mundo, a Conferência Internacional de Incêndios Florestais, que em sua oitava edição contou com cerca de 1200 participantes provenientes de mais de 80 países. A SIMBiOSE levou para lá o nome de Atibaia, de seus parceiros locais, da Rede Nacional de Brigadas Voluntárias (RNBV) e o valor do trabalho que realiza para apresentar resultados dessa parceria e trocar conhecimento.

É importante destacar que esse modelo de projeto já havia positivamente chamado a atenção tanto que, nesse contexto, a SIMBiOSE foi convidada a compor a Diretoria Executiva e Conselho Deliberativo da RNBV, assim como, para poder bancar boa parte dos custos de dois brigadistas autores do artigo intitulado “A contribuição de uma brigada de florestal voluntária para a diminuição de áreas afetadas por incêndios florestais na Mata Atlântica” foi financiada pela organização internacional The Nature Conservancy e por quase 70 colaboradores de uma campanha de arrecadação específica criada na Benfeitoria, uma plataforma de financiamento coletivo para projetos de impacto cultural, social, econômico e ambiental.

O que se trouxe de lá para cá?

A certeza de que o Fogo é um elemento natural de nosso Planeta, que foi o controle sobre seu uso um dos principais fatores de evolução de nossa espécie e que ele sempre estará a ser utilizado por populações. Para que essa convivência seja mais positiva e menos traumática cabe a nós avançar cada vez mais contra a lógica Prevenir Incêndios – Combater Incêndios – Recuperar Áreas Atingidas. Para além de prevenir, combater e recuperar, é preciso pesquisar e promover formas seguras e autorizadas de uso do fogo, visando gerenciar o volume disponível de vegetação, além de obviamente planejar o desenvolvimento de cidades assegurando que áreas prioritárias de conservação sejam legalmente protegidas, além de contar com profissionais, quer voluntários, quer remunerados para atuar nesses espaços e promover o bom uso do fogo, assegurando a conservação e recuperação de florestas através da redução de riscos ao invés do mero e caro aumento da capacidade de resposta.

Autores: Vinícius Gaburro De Zorzi e Daniela Fujiwara

Sobre a SIMBiOSE

A Associação Serra do Itapetinga Movimento pela Biodiversidade e Organização dos Setores Ecológicos (SIMBiOSE) é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que nasceu em 2005 pelas mãos de jovens atibaienses engajados na preservação e conservação da Serra do Itapetinga.

Desde então, a SIMBiOSE vem trabalhando diretamente em Atibaia e Bom Jesus dos Perdões, influenciando a proteção, a recuperação e a conservação de mais de 25 mil hectares. Tudo isso com o objetivo de conectar a montanha não apenas ecologicamente, mas também social, cultural e financeiramente com o restante do território.

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