Lyra Atibaiense

A Lyra Atibaiense era o novo nome da antiga Banda União da Mocidade.

Márcio Zago

A Banda União da Mocidade, fundada em 1907, ganhou projeção com a chegada do maestro Pedro de Moura em Atibaia no ano de 1910. O musico português era dotado de grande talento musical e ao assumir sua regência, no ano seguinte, imprimiu um calendário de apresentações bastante intenso que popularizou a corporação. Seu prematuro falecimento em 1911 pegou a todos de surpresa.
De forma emergencial assumiu a regência o diretor do Grupo Escolar José Alvim, Francisco Napoleão Maia, que já vinha exercendo essa função durante as frequentes enfermidades de Pedro de Moura. Logo em seguida Napoleão Maia foi substituído pelo maestro José Avella, recém-contratado,tendo sua estreia em julho do mesmo ano. O novo maestro durou pouco no cargo.
Em março de 1912 foi reinaugurado o coreto da matriz, após uma reforma que ampliou para quase o dobro o seu espaço. Nessa inauguração surge pela primeira vez o nome Lyra Atibaiense, e dessa vez sob a batuta de Pedro Hilário. A Lyra Atibaiense era o novo nome da antiga Banda União da Mocidade. A troca ocorreuapós a adesão de novos integrantes. Meses depois um novo músico assumiu sua regência, o ecléticopadre Juvenal de Toledo Kohly, sendo substituído pouco depois pelo regente bragantino Samuel Pedro da Silva, que também permaneceu pouco tempo na função.
A partir daí, até sua extinção, a Banda Musical Lyra Atibaiense teve sua regência alternada entre o padre Juvenal Kohly e Pedro Hilário. Quanto a sua organização sabemos somente, por uma notinha de jornal, que em 1913 o Capitão Joaquim Florido pediu exoneração do cargo de diretor da corporação sendo substituído pelo Professor Miguel Arruda. Numa cidade com poucas atrações culturais e recreativas, como era Atibaia de outrora, as retretas de final de semana eram eventos que atraíam numerosos interessados.
Neste período (1913) havia três bandas musicais atuantes na cidade: a Banda 24 de Maio – regida pelo maestro Juvêncio Maciel da Fonseca, a Banda Contesini – regida por Carlo Contesini e a Banda Lyra Atibaiense. Logo viria outra, a Banda Operária, formada por trabalhadores da Fábrica de Tecidos São João, com a regência de Edmundo Russomano. A Banda Contesine ficava limitada ao então distrito de Campo Largo (hoje município de Jarinu), de onde a banda era originária e raramente tocava na cidade.Restava a 24 de Maio e a Lyra Atibaiense se revezarem nas apresentações dominicais para júbilo da plateia. As retretas musicais ocorriam com frequência na Praça da Matriz, mas nos últimos tempos não contavam com a mesma regularidade, gerando cobrança por parte da população. Num artigo de abril de 1913, o jornal O Atibaiense sugeria que as duas bandas se juntassem, formando uma Banda Municipal a fim de facilitar a ajuda que a Câmara Municipal pudesse oferecer. Dizia ainda que o regente poderia ser alguém “neutro”, como Padre Juvenal Kohly, por exemplo. A ideia não vingou, mas foram suficientes para pressionar a Prefeitura a retomar o compromisso de financiar a cada quinze dias as apresentações musicais na Praça da Matriz.
Esse compromisso estava previsto e documentado nas despesas anuais da Câmara Municipal desde 1909, quando um recurso público foi pela primeira vez destinada a uma despesa de cunho cultural. Após 1914 o jornal O Atibaiense não publica mais nada a respeito da Lyra Atibaiense. Em outras fontes consultadas consta sua extinção em 1917.