Entregadores e motoristas de aplicativos têm maior peso na economia

Dentre esses trabalhadores, 61,2% eram motoristas de aplicativo e taxistas (945 mil), 20,9% entregavam mercadorias via motocicletas (322 mil), 14,4% atuavam como mototaxistas (222 mil) e o restante exerciam a atividade de entrega de mercadoria via outro meio de transporte (55 mil).

Wagner Casemiro

A pandemia destacou atividades que antes já eram muito presentes, mas passaram a ter maior importância na circulação de mercadorias e na economia como um todo. Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica), aproximadamente 1,5 milhão de trabalhadores em atividade no setor de transporte de passageiros e de mercadorias no Brasil estavam inseridos na chamada “Gig economy”, no final de 2021. Dentre esses trabalhadores, 61,2% eram motoristas de aplicativo e taxistas (945 mil), 20,9% entregavam mercadorias via motocicletas (322 mil), 14,4% atuavam como mototaxistas (222 mil) e o restante exerciam a atividade de entrega de mercadoria via outro meio de transporte (55 mil).
Gig economy é o termo que caracteriza relações laborais entre funcionários e empresas que contratam mão de obra para realizar serviços esporádicos e sem vínculo empregatício (tais como freelancers e autônomos), principalmente por meio de aplicativos. O estudo do Ipea cobre o período de 2016 a 2021. O número de motoristas de aplicativos e taxistas ao final de 2021 (945 mil) ainda estava 16% abaixo do registrado no terceiro trimestre de 2019 (1,121 milhão), antes da pandemia de Covid-19. Contudo, já aparentava recuperação e já se encontrava em patamar 21% maior do que o estimado no terceiro trimestre de 2020 (782 mil). Já a quantidade de mototaxistas apresentava evolução mais estável, com média de 245 mil trabalhadores na série trimestral.
Enquanto isso, houve aumento expressivo no número de entregadores de mercadorias via moto. O número de pessoas nessa atividade passou de 25 mil, no início de 2016, para 322 mil, no quarto trimestre de 2021. Esse grupo, assim como outros entregadores, não sofreu redução de contingente durante a pandemia. As estatísticas revelam que, dentre todos os profissionais incluídos na Gig economy, os motoristas de aplicativos e taxistas possuem o maior rendimento médio, de R$ 1,9 mil, registrado no último trimestre da série. Esse valor era superior ao observado em meados de 2020, durante o período em que houve maior distanciamento social devido à pandemia, porém, abaixo dos R$ 2,7 mil recebidos, em média, no primeiro trimestre de 2016.
Já no subgrupo de entregadores de mercadorias via moto, é possível verificar um período de ampliação de ganhos efetivos médios, que se reverteu no início de 2020 e permaneceu estável desde então, de aproximadamente R$ 1,5 mil por mês. A remuneração dos mototaxistas, por sua vez, permaneceu praticamente constante ao longo do período de análise, com um pequeno viés de redução, passando de pouco mais de R$ 1 mil por mês para um valor próximo a R$ 900. Esse é o único subgrupo da Gig Economy no setor de transportes com rendimentos abaixo do salário mínimo.
O estudo também traça o perfil desses profissionais. Em sua maioria, são homens, pretos e pardos, com idades inferiores a 50 anos e com significativa variação de escolaridade de acordo com o grupo abordado. Por exemplo, em relação aos mototaxistas, 60,1% não possuem ensino médio completo.

* Wagner Casemiro é Secretário Municipal de Habitação de Atibaia, Professor Universitário Especialista em Administração, Contabilidade e Economia e Representante do CRA – Conselho Regional de Administração Atibaia.