Quem é a favorita para vencer a Copa do Mundo, com um futebol tão nivelado?
Este ano de Copa começa com várias seleções podendo ser campeãs no final do ano.
Rodrigo Seixas
A Euro do ano passado mostrou jogos interessantes de acompanhar e muitas surpresas. França, Alemanha, Portugal e Holanda foram eliminadas precocemente da competição e depois a mesma Itália que venceu, acabou caindo na repescagem para a Copa do Mundo e disputa com Portugal e mais outras duas seleções uma vaga na Copa do Mundo deste ano. Na melhor das hipóteses, umas delas vai à Copa, pode não ir nenhuma.
Ter jogadores muitos bons não é o suficiente para avançar de fase numa Euro ou ir direto para a Copa. Às vezes é preciso mais. O que acontece – e tem acontecido com o futebol neste século –, sobretudo depois de 2010, é que a bolha estourou. Em 1998, antes do início daquela Copa, o mundo tinha seis seleções campeãs do mundo, três sul-americanas (Brasil, Uruguai e Argentina) e três europeias (Itália, Alemanha e Inglaterra). Naquele ano, a França venceu a primeira Copa, e venceria de novo em 2018. Em 2010 a Espanha ganharia pela primeira vez. Os sul-americanos fizeram só três finais de 1998 até 2018, o Brasil duas vezes e Argentina uma. Só o Brasil ganhou. Os outros sete finalistas foram europeus e não só isso, quatro destes europeus nunca tinham sido campeões quando chegaram à decisão.
Isso mostra que o clube das grandes seleções é cada vez maior e mais cíclico. Hoje Bélgica e Portugal têm seleções tão ou mais fortes do que qualquer seleção do mundo. Falando isso em níveis, técnicos, táticos e de experiência.
O mundo do futebol mudou muito e ficou mais nivelado, sobretudo entre seleções, onde por maior que seja a tradição do país pelo futebol e o dinheiro investido no futebol daquele país, você não pode comprar um Alaba da Áustria, um Modric da Croácia, um Haaland da Noruega, ou um Lewandowski da Polônia. Isso, claro, nunca foi possível, mas antes, o Campeonato Inglês só tinha ingleses, então para um ucraniano evoluir no futebol, era mais difícil jogando num país com nível de disputa inferior e sem tanta tradição.
A Itália é um exemplo interessante. Ficou de fora da última Copa do Mundo, hoje tem uma das seleções que joga o melhor futebol no mundo e mesmo assim pode não ir à Copa. Então quer dizer que a geração nova é muito boa ou ruim? Destes jogadores vários são os mesmos que ficaram de fora da Copa na Rússia, a diferença é que o time era treinado por Giampiero Ventura e hoje por Roberto Mancini. Com um futebol cada dia mais coletivo, ter um time bem treinado é a chave de um campeão. Não há um Brasil de 1958 com jogadores muito acima dos demais como antes, é mais igual.
No meio disso tudo, não faz sentido cobrar da seleção brasileira apenas o título mundial. Apenas chegar na Copa, brilhar e ser campeã com um bom futebol. É mais complicado do que foi antes, mesmo assim Tite é duramente criticado quando perde, empata e até quando ganha de um adversário ruim em uma partida sem muito brilho. O sarrafo de cobrança da seleção é muito elevado, é quase impossível de entregar. Ainda assim, Tite tem um aproveitamento bom pela seleção e perdeu na Copa do Mundo de 2018 para a seleção que jogou o melhor futebol na Rússia, a Bélgica.
Este ano de Copa começa com várias seleções podendo ser campeãs no final do ano. O futebol mudou, mudou muito, é preciso aceitar essas mudanças, pelo menos para não se decepcionar.