Como o jornalista pode fiscalizar os gastos públicos?
É um consenso hoje entre profissionais da comunicação, professores e estudiosos do setor. Precisamos de jornalistas que dominem métodos e acompanhem o uso do dinheiro público, utilizando a tecnologia digital para melhorar seu trabalho de investigação. Em geral, os jornalistas gostam mais de texto e contexto do que de números. Só que simplesmente todas as políticas públicas estão no orçamento.
O jornal O Atibaiense tem exercido, mesmo sem contar com técnicos no assunto, esse direito e dever de olhar para as publicações da Imprensa Oficial e também para os bancos de dados do governo do Estado e do governo federal, em busca de informações sobre a cidade. Nesses documentos oficiais, estão números importantes para entendermos como os gastos públicos funcionam. Infelizmente, ainda não contamos em Atibaia com especialistas independentes que analisem os números municipais sem viés partidário. Esse trabalho autônomo é fundamental para a Câmara, que poderia criar uma assessoria específica para essa matéria em eventual reforma administrativa.
“Os gastos com a pandemia equivalem a mais de 20 Copas do Mundo. Vimos diversas irregularidades nos gastos com a Copa, então o que esperar dos gastos de enfrentamento ao Covid-19? Precisamos fazer alguma coisa para ampliar a capacidade da imprensa e da cidadania em geral de fiscalizar esses gastos”, disse Gil Castelo Branco, fundador da ONG Contas Abertas, especializada em dar transparência aos gastos públicos no Brasil.
A declaração e outras informações estão em artigo publicado no site Observatório da Imprensa, criado pelo grande jornalista Alberto Dines. Castelo Branco é o instrutor do curso massivo aberto online (MOOC) do Centro Knight destinado a jornalistas e não-jornalistas brasileiros que tem como título “No rastro digital do dinheiro público: como fiscalizar gastos da União, estados e municípios”.
Em quatro semanas, os participantes deste curso gratuito estão aprendendo como o orçamento público é operacionalizado e como identificar potenciais casos de uso indevido do dinheiro do contribuinte. O curso acontece até 4 de outubro e conta com a parceria da Contas Abertas e o apoio da Google News Initiative.
O instrutor do curso lembra que “a linguagem orçamentária é seca e algumas palavras e expressões podem assustar no início para quem não está acostumado a lidar com gastos públicos. O jornalista precisa dominar alguns conceitos essenciais e perceber que o orçamento não é um bicho-papão, traduzindo o jargão econômico para uma linguagem simples ”.