O papel do jornalismo local na mediação e equilíbrio de forças
O fortalecimento do jornalismo local é um dos focos da parceria criada pelo jornalista Alberto Dines (1932-2018) com o Labjor da Unicamp, em abril de 2002, para gerir o Observatório de Imprensa e expandir sua missão. O Projor é uma entidade civil sem fins lucrativos não-governamental, não-corporativa, pluralista e apartidária, que se ocupa também das questões ligadas à imprensa local.
Ao longo da última década, atuou com um conjunto diverso e experiente de profissionais que desdobraram a ideia original em projetos com dois grandes objetivos: realizar a crítica permanente do jornalismo e oferecer meios para o fortalecimento do jornalismo local. Gostaria que minha contribuição ao jornal O Atibaiense, de 1987, tivesse esse espírito, esse sentido.
Entre os projetos realizados pelo Projor, estão o Atlas da Notícia, censo anual que mapeia a presença do jornalismo local e os desertos de notícias no Brasil; o Observatório da Imprensa, único veículo jornalístico independente dedicado à crítica da mídia brasileira; e o projeto Grande Pequena Imprensa (GPI), iniciativa pioneira no País que visa a fortalecer o jornalismo regional e local em meio à revolução digital.
Estes temas, meus amigos, são ondas que vêm batendo em nossos calcanhares há certo tempo, sem que tenhamos a dedicação exigida para resolvê-las. É inegável o papel do jornalismo local na mediação política e social e no equilíbrio de forças numa sociedade. Segundo o Projor, “o jornalismo contemporâneo quando visto como um serviço público, com garantias e privilégios específicos previstos na Constituição de 1988, pressupõe contrapartidas em deveres e responsabilidades sociais. Logo, não basta que os praticantes do jornalismo tenham consciência destes deveres e responsabilidades, é preciso um espelho – um campo de debates, como o Observatório – para que a imprensa enxergue a si mesma”.