Empreendedorismo tem grande potencial nas favelas
É desdobramento de um fundo pioneiro anunciado em dezembro de 2016 e lançado em fevereiro do ano seguinte.
Wagner Casemiro
A Favela Holding é um conjunto de empresas que tem como objetivo central o desenvolvimento de favelas e de seus moradores. “Nasceu atuante junto a empreendedores comunitários, fomentando e promovendo novas oportunidades de negócios, empreendedorismo e empregabilidade”, define-se em site na internet. O jornal Valor Econômico publicou artigo sobre a iniciativa, que reúne mais de 20 empresas, todas com ações em favelas e periferias. É desdobramento de um fundo pioneiro anunciado em dezembro de 2016 e lançado em fevereiro do ano seguinte.
Aos 14 anos de idade, a tarefa de Celso Athayde era ajudar a mãe a levar à praia outras crianças da Favela do Sapo, na Zona Oeste do Rio, em troca de remuneração. O negócio informal, batizado de “Mãe Praieira”, dava aos pais a tranquilidade de sair para trabalhar sem o receio de deixar os filhos sozinhos em casa. “O que minha mãe vendia era credibilidade, reputação. Hoje, eu investiria no projeto dela”, afirma o CEO da Favela Holding, que está lançando um fundo de venture capital de R$ 50 milhões destinado a startups de favelas.
O projeto nasceu no Rio e tem o e-mail faleconosco@fholding.com.br. Celso Athayde é da Baixada Fluminense, onde viveu até os seis anos. Aos 16, já havia morado em três favelas, abrigos públicos e na rua. Foi criado na favela do Sapo, na zona oeste do Rio de Janeiro. Celso é autor de quatro best sellers e coautor dos livros “Falcão – Mulheres e o Tráfico”, “Falcão – Meninos do Tráfico”, “Cabeça de Porco” e “Um País Chamado Favela”. Também é fundador da Central Única das Favelas (CUFA), de onde se desligou em agosto de 2017. É a maior organização não-governamental cm foco nas favelas do Brasil e presente em mais de 15 países.
O novo aporte do Favelas Fundos está destinado a segmentos como logística, gastronomia, saúde, marketing e tecnologia. Celso, que foi reconhecido recentemente pelo Prêmio de Empreendedor de Impacto Social e Inovação pelo Fórum Econômico Mundial, destaca que a seleção dos projetos será realizada pelos CEOs das empresas do Grupo Favela Holding. O projeto conta com a gestão e investimento de Evanildo Barros Júnior, empreendedor que atua no setor de marketing, tecnologia e negócios sociais. O Favelas Fundos possui R$ 20 milhões já disponíveis para projetos e outros R$ 30 milhões empenhados a serem aportados imediatamente na segunda fase.
O Favelas Fundos ainda conta com investimento de várias empresas do grupo Favela Holding e seus respectivos sócios, como: Digital Favela, com Gui Pierri; Data Favela, com Renato Meirelles; Favela Filmes, com John Oliveira; Comunidade Door, com Leo Ribeiro; InFavela, com Thales Athayde; Cab Motors, com Antônio Souza, Favela Vai Voando – Marilza Pereira, Alô Social – Evandro Bei entre outras. À Forbes Brasil, Celso detalhou a iniciativa e falou sobre o potencial da favela, bem como a necessidade de ampliar o escopo de parcerias para negócios de impacto.
“A favela é um mundo de oportunidades e quanto mais as cortinas forem abertas, mais oportunidades irão surgir. Tenho certeza de que muitos fundos vão nos procurar para produzir parcerias exatamente porque sabem que ali é um celeiro de inovação, mas que, por outro lado, é preciso dialogar com a linguagem certa, pois a favela não quer ser catequizada, ela quer a melhor versão de si mesma”, afirmou o empreendedor.
Continuamos neste tema no segundo artigo de fevereiro, a ser publicado na edição do dia 26.
* Wagner Casemiro é Secretário Municipal de Habitação de Atibaia, Professor Universitário Especialista em Administração, Contabilidade e Economia e Representante do CRA – Conselho Regional de Administração Atibaia.