Apesar das chuvas, Atibaia segue em estado de alerta para crise hídrica
Em nota, a SAAE informou que a decisão sobre a pressão no sistema tem como intuito de manter o abastecimento de água no município.
O Atibaiense – Da redação
A possibilidade de falta de água voltou a assombrar Atibaia esta semana com a determinação da SAAE para redução de pressão em todo o sistema, durante a noite, entre os dias 13 e 20 de dezembro. Quando há essa redução de pressão, alguns locais podem registrar falta de água. Desde quarta-feira (15), no entanto, tem chovido na cidade, o que pode amenizar a situação para os próximos dias.
Em nota, a SAAE informou que a decisão sobre a pressão no sistema tem como intuito de manter o abastecimento de água no município. Até dia 20, próxima segunda-feira, entre as 19h e as 7h do dia seguinte, a pressão está reduzida no sistema de abastecimento. A própria autarquia admite que alguns locais podem ficar sem água durante esse procedimento.
“Esclarecemos que a medida é necessária devido à escassez hídrica que ainda perdura em toda a nossa região, somada ao aumento de consumo decorrente do calor dos últimos dias.
Ressaltamos que é de suma importância, a instalação de reservatórios (caixa d’água) para garantir a reserva mínima para o consumo”, diz a nota.
As chuvas que ocorrem esporadicamente desde outubro não estão sendo suficientes para manter os mananciais de abastecimento de água nos níveis necessários para que sistema opere sem riscos de desabastecimento. Mesmo chovendo essa semana, por exemplo, a SAAE segue mantendo a decisão até dia 20.
O calor intenso faz com que cresça o consumo e Atibaia tem mais um agravante para o sistema nesse verão: com a pandemia sob controle, o número de turistas na cidade tem crescido, especialmente nos finais de semana e feriados. Agora para o período de festas é esperado um número maior de pessoas na cidade, o que sobrecarrega o sistema, já que o consumo aumenta. Moradores também costumam receber familiares em suas casas, contribuindo para mais gastos.
Enquanto essa movimentação de pessoas de fora na cidade é boa para o turismo e para a economia, é temerária para o abastecimento de água, que já opera no limite.
A previsão de especialistas não é positiva para o verão. Para o Sistema Cantareira, por exemplo, é prevista uma quantidade de chuvas inferior à necessária para manter os mananciais em níveis razoáveis e sem risco.
A projeção do governo federal para o Cantareira melhorou, mas ainda é crítica. Havia uma primeira projeção do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) de 17% para o nível do sistema em abril de 2022, quando começa o período de estiagem. A notícia positiva é que subiu para 22% a projeção. A negativa é que no período de estiagem (de abril a setembro), há uma média de perda de 20% do reservatório. Em 1º de abril de 2020, o sistem operava com 52,8% da capacidade.
A Sabesp, que opera o sistema, diz não haver risco de desabastecimento, mas se as chuvas continuarem abaixo da média, na estiagem o Cantareira está no limite.
O sistema já está atuando em faixa de restrição, com volume útil acumulado igual ou maior que 20% e menor que 30%, de acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA). Até novembro estava em “alerta”, acima de 30%. Se cair mais, pode chegar na faixa “especial”, abaixo dos 20%. No auge da crise hídrica em 2014, volume útil chegou a zero e passou a ser usado o chamado “volume morto”, abaixo do nível.
A Sabesp já tem usado a tática agora utilizada na SAAE, de redução de pressão da água e há relatos na região metropolitana, abastecida pelo sistema, de falta de água em alguns períodos do dia.
Nessa sexta-feira (17), o Sistema Cantareira operava com 24,7% do volume operacional e pluviometria acumulada no mês chegou a 75,9 mm, bem abaixo da média histórica para o mês de dezembro, de 207,6 mm.
Na mesma data em 2020, sistema tinha 33,8% do volume operacional e as chuvas acumuladas no mês até aquele momento eram de 133,3 mm.
O momento continua sendo de cautela e a necessidade de consumo consciente é fundamental para que não haja necessidade de rodízio ou racionamento nos próximos meses.