Programa Cidade +2°C trabalha a vulnerabilidade urbana nas mudanças climáticas

Luiz Gonzaga Neto

 

As mudanças climáticas são um fato consumado, e as cidades sofrem as consequências com uma intensidade própria, já que são especialmente propícias à ocorrência de ondas de calor, alagamentos, desabamentos e aumento da incidência de doenças tropicais — em espaços com grande concentração populacional, o número de vítimas pode ser muito elevado. Esta descrição está em artigo no site do Insper, escola de formação empresarial que trabalha com projetos transdisciplinares, capazes de criar laços com a graduação, o ensino, a pesquisa e a extensão. Atua para medir as soluções implementadas nas cidades brasileiras, dos mais diversos portes e regiões, com suporte oferecido pelo Centro de Estudos das Cidades.
Entre os temas centrais estão o desenvolvimento de métricas e metodologias capazes de avaliar vulnerabilidades urbanas diante das mudanças climáticas, a estruturação de sistemas de informação e predição climática aplicados ao planejamento urbano, a realização de testes de soluções urbanas em territórios reais, com monitoramento e avaliação, a articulação de fontes de recursos e mecanismos financeiros voltados à adaptação e o engajamento de atores públicos, privados e comunitários em processos de decisão colaborativos e escaláveis. É difícil não sonhar com esse alcance de visão para Atibaia, nossa querida cidade, que já sofreu bastante desmatamento e sobrevive como pode às ondas de calor, como as registradas aqui nas últimas semanas.
“O clima já mudou. Precisamos parar de queimar combustíveis fósseis e de desmatar, porque as cidades já estão sendo afetadas. Mas o programa tem um norte: nossa prioridade é a adaptação, que se torna cada vez mais essencial”, destacou um dos especialistas que conduzem o Programa Cidade +2º C, que reúne oportunidades de pesquisa em mobilidade, habitação, saneamento, áreas verdes, finanças, logística e energia, entre outros setores. Duas pesquisas em andamento buscam contribuir nessa direção. Uma delas, “Investimentos em adaptação climática em cidades brasileiras”, é dedicada a apurar quais foram os recursos internacionais alocados no Brasil desde o Acordo de Paris de 2015, e quanto desse total foi mobilizado para mitigação e quanto para adaptação.
Outra pesquisa em andamento, “Dinâmica de sistemas para resiliência urbana”, busca encontrar pontos de alavancagem dos investimentos em adaptação, com o objetivo de gerar conhecimento para orientar decisões para o fortalecimento da resiliência das cidades em habitação, mobilidade, saneamento integrado, espaços públicos e áreas verdes, regulação ambiental, urbana e uso do solo, energia, saúde, educação e capacidade institucional. Segundo o Insper, a iniciativa traça diagnósticos com base em urbanismo, saneamento e adaptação climática. Os trabalhos mapeiam os avanços do município estudado, de acordo com metas descritas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, ao mesmo tempo que também identifica contradições estruturais. Ou seja, a cidade que universaliza o esgoto também pavimenta com concreto a orla dos rios. Implanta redes subterrâneas, mas mantém calçadas sem árvores. Abordagem aplicável à nossa querida Atibaia.