Câmara de Perdões fez homenagem ao povo nordestino que lutou e chegou à região
Em 25 de novembro, a Câmara Municipal de Bom Jesus dos Perdões aprovou projeto de lei que homenageou uma senhora nordestina e valorosa, dando seu nome a uma praça que a viu chegar e a viu partir. Dona Noêmia Correia Barbosa foi a avó do Dr. Rogério Correia Dias, o juiz coordenador do CEJUSC de Atibaia e Jarinu.
Por especial deferência da Câmara Municipal, ele fez breve pronunciamento – a título de justificativa – ao projeto, referindo-se emocionado à sua querida avó, “que tem aqui um filho, muitos netos, vários bisnetos e até mesmo tataranetos; e agora tem seu nome inscrito para sempre na história de nossa cidade”.
Noêmia, filha de João Correia Barbosa e Florência Correia Barbosa, nasceu em 3 de agosto de 1915 no então Distrito de Mar Vermelho – Município de Anadia, no pequenino Estado de Alagoas. Moça recatada e de traços delicados, uniu-se em matrimônio em 10 de setembro de 1938 com Antonio Correia da Costa. Foram seis filhos: Yvonete, Pedro, Josépha, Romana, Aluízio e João.
“Tendo ficado viúva ainda muito jovem e sentindo a falta das irmãs e da filha mais velha Yvonete – elas que já haviam migrado para Perdões fazia algum tempo – por volta de 1965 ela se desfez de seus poucos bens, reuniu sua prole e empreendeu viagem para reencontrar sua família. Aqui chegando, Noêmia, assim como minha mãe e dois outros filhos, foi alojada na antiga Granja São João, lá onde já trabalhavam Yvonete e seu marido Napoleão”, narrou o Dr. Rogério na Câmara de Perdões.
Passado mais um tempinho, ela se mudou com seus dois filhos mais moços para a Vila São José, ali onde Aluízio construiu primeiro uma casinha e depois abriu uma venda, tomando cada um dos demais filhos seu rumo na vida. Mas, não bastasse a perda do marido antes suportada e ainda as asperezas por que passam quase todos os migrantes, em 1969 o destino, implacável, levou Yvonete na flor de seus 33 anos de idade. A perda da filha exigiu de Noêmia ainda maior força para continuar sendo – como sempre foi – carinhosa com seus filhos e seus netos.
Mulher simples, sofrida a não mais poder, Noêmia fez da cidade de Perdões sua definitiva morada, falecendo – aos 59 anos, na Vila São José – no dia 4 de maio de 1975, deixando em Bom Jesus dos Perdões toda a sua descendência, “ela que hoje, vazia de sua presença, guarda saudosa a doçura de sua memória”, nas palavras carinhosas do Dr. Rogério.
“A atribuição, portanto, de seu nome à praça que a tudo praticamente assistiu – de sua chegada à sua derradeira partida – é, assim, extraordinário tributo não somente a ela e a seus familiares. Fazê-lo, pois, constitui merecida homenagem a uma multidão de pessoas anônimas que, vindas das mais distantes partes do país, contribuíram e contribuem para com a formação da identidade e o desenvolvimento de nosso povo: o honrado povo perdoense”, concluiu o juiz coordenador do CEJUSC.