Crises globais aumentam urgência de novo multilateralismo

Como o cronista e ex-prefeito de Atibaia Gilberto Sant’Anna não está mais entre nós, vou ousar uma incursão no assunto “política internacional”. Gilberto certamente teria uma opinião a dar sobre o tema que tratarei aqui. Fazia tempo que não via nada na mídia sobre o multilateralismo, palavra próxima da diplomacia. Gostei de saber da existência do Conselho Consultivo de Alto Nível sobre Multilateralismo Eficaz (HLAB), estabelecido pelo secretário-geral das Nações Unidas a partir de sua iniciativa “Nossa Agenda Comum”. O relatório foi divulgado em setembro de 2021 e propõe governança mais forte das principais questões de interesse coletivo global.
Para ser eficaz, a governança global deve ser mais responsável, inclusiva e interconectada. O relatório recomendou medidas específicas para garantir que “nós, os povos” estejamos representados de forma melhor no sistema multilateral através da elevação da igualdade de gênero ao cerne da arquitetura multilateral, da criação de
espaços mais significativos para participação da sociedade civil e do apoio ao desenvolvimento de estruturas de responsabilização que permitam a maior inclusão dos jovens.
Além disso, a proposta é criar instituições, políticas e práticas que representem e levem em consideração as futuras gerações; oferecer a cidades, governos subnacionais e atores do setor privado status oficial em processos multilaterais chave; e caminhar na direção da tomada de decisões de forma qualificada em assuntos cruciais de interesse coletivo e da aceitação de um código de conduta para processos multilaterais inclusivos.
“Crises globais aumentam urgência de novo multilateralismo”, disse a cientista política brasileira Ilona Szabó. Por isso mesmo, o relatório defendeu que se estabeleça prazo para eliminação total das armas nucleares e identificou medidas concretas para o fortalecimento e a aceleração desse processo. Muito importante: os princípios do multilateralismo eficaz estão centrados nas pessoas, produzindo benefícios tangíveis, respondendo às suas necessidades e refletindo suas prioridades; medindo impactos a partir do ponto de vista humano; empoderando mulheres, meninas e jovens; e reconhecendo de forma sistemática as diversas vozes existentes na sociedade.
Os outros princípios, simplificando o engajamento global e regional, são: ser representativo, transparente, equitativo, em rede, provido de recursos, focado na missão, flexível, responsável e orientado para o futuro.