Circo Irmãos Temperani em Atibaia
O Circo Irmãos Temperani teve seu início como Circo Temperani, em 1875, fundado pelo casal Leopoldo e Paulina Magri.
Márcio Zago
Entre as importantes companhias circenses que passaram por Atibaia nas primeiras décadas do século XX está o Circo Irmãos Temperani. Sua estreia na cidade ocorreu em abril de 1924, com variadas atrações acrobáticas que culminaram com uma pantomima protagonizada pelos palhaços Cri-Cri e Júlio, coadjuvados por Camello e o pequeno Baratinha.
O Circo Irmãos Temperani teve seu início como Circo Temperani, em 1875, fundado pelo casal Leopoldo e Paulina Magri. Com a incorporação dos filhos Guilherme, Leonardo, Aida, Amélia e Eduardo Humberto, com sua esposa Judith Gomes, todos exímios artistas, o circo foi renomeado para Circo Irmãos Temperani. Suas principais atrações estavam ligadas à acrobacia, com números de barra fixa, equilíbrio no arame, trapézio e laços.
O feito que projetou Leopoldo Temperani foi uma atração que mais tarde foi incorporada por outros circos, ganhando renome mundial: o homem bala, ou homem projétil, onde uma pessoa era introduzida em um canhão e lançada para o alto. Esse invento gerou grande polêmica quando a revista Seleções do Reader’sDigestatribuiu sua invenção a Edmundo Zacchini, no ano de 1922. Edmundo pertencia a outra família circense, os Zacchini. Na verdade, a invenção remonta a 1886, por iniciativa de Leopoldo Temperani e seu amigo Vicente Bili, quando construíram o primeiro canhão no bairro do Botafogo, Rio de Janeiro, local onde também foi apresentado ao público pela primeira vez.
Esse fato pode ser confirmado por inúmeras matérias, depoimentos e anúncios publicados nos jornais da época. A atração causava grande impacto, como demonstrou um artigo publicado em 1932. Nele, o jornal informava sobre uma demonstração para jornalistas ocorrida no Rink Concórdia, em São Paulo, a convite de Temperani: “O Senhor Temperani colocou-se dentro de um canhão postado num dos lados da pista e, no momento aprazado, disparou-se o tiro. O Sr. Temperani foi então projetado para o alto, agarrando-se habilmente em um trapézio colocado a uns vinte metros do solo.
O número que o Sr. Temperani apresenta é fadado ao maior sucesso, pois, além de original, desperta profunda emoção entre os assistentes, tal o perigo que expõe”. O Homem Bala, iniciado pelo pioneiro Leopoldo, teve continuidade com os filhos Guilherme e Eduardo, e finalmente com o neto Tércio. Em Atibaia, esse número provavelmente não foi apresentado,dado que não há cobertura sobre o assunto, mas não há dúvidas sobre a importância do município na rota dos mais importantes circos da época.
* Márcio Zago é artista plástico, artista gráfico de formação autodidata, fundador do Instituto Garatuja e autor do livro “Expressão Gráfica da Criança nas Oficinas do Garatuja”.
Criador e curador da Semana André Carneiro.