O dever de formar lideranças políticas

Pela visão do Estadão, centenário como o nosso querido jornal O Atibaiense, “mantidas com recursos públicos, fundações de partidos têm o dever de formar suas novas lideranças políticas.

Wagner Casemiro

A articulação política, com a formação de partidos em suas denominações municipais e o planejamento e execução de campanhas eleitorais, tem sido uma marca do meu trabalho nestas últimas duas décadas. Participei de campanhas para prefeito e para vereadores, para governadores e deputados, obtendo diretamente seis mandatos de vereador e contribuindo para a vitória de pelo menos outros seis mandatos de prefeito. Como dezembro é um momento de fazer balanços, resolvi nesta coluna falar um pouco sobre essa tarefa que o jornal O Estado de S. Paulo chamou, em texto recente, de “O dever de formar lideranças políticas”.
Pela visão do Estadão, centenário como o nosso querido jornal O Atibaiense, “mantidas com recursos públicos, fundações de partidos têm o dever de formar suas novas lideranças políticas. Uma genuína renovação da política passa necessariamente pelas legendas”. Certo, este é um bom ponto de partida. Os partidos podem e devem captar talentos emergentes para a representação da comunidade no Executivo e no Legislativo. Somos procurados constantemente por pré-candidatos interessados no processo político, via sigla partidária, com o objetivo de exercer, um dia, a efetiva representação da população e nosso discurso tem sido nessa direção.
Em nosso sistema político, disfuncional em determinados aspectos, são muitos partidos que, via de regra, não têm uma vida interna democrática. São apropriados por oligarquias partidárias e isso dificulta a aproximação de jovens líderes dessas organizações. Além disso, as campanhas são muito caras. Duas medidas, o fundo eleitoral bilionário e a tentativa de aprovar o distritão, são consideradas por muitos como “muros para que não surjam novas lideranças e para que esse sistema político consiga apenas sua reprodução”.
A falta de incentivo a novas lideranças, por parte dos partidos, não tem necessariamente a ver com falta de verba, pois há fundo específico para financiar os partidos e outro para financiar a eleição, ou seja, há o fundo partidário e o fundo eleitoral. As fundações foram pensadas como instrumento de debate e de formação de novos líderes. Até porque, ninguém nasce líder. Boa parte dos atributos de um líder é feita de treinamento e formação. Os obstáculos para que novos nomes possam concorrer às eleições estão diretamente relacionados à estrutura política, que está bastante desconectada da vida em sociedade. Além disso, liderar no setor público é absolutamente desafiador porque a disposição de convencer, motivar e mobilizar as pessoas em torno de objetivos.
Para incentivar o crescimento da participação na política, com novas lideranças e novos talentos, é preciso mostrar que a representação pública é um instrumento que coopera com o desenvolvimento da sociedade. É separar a política, que é ferramenta transformadora, daquilo que chamamos de “politicagem”, as atitudes menores, individualistas, que não constroem. Também são importantes as ações que movimentos cívicos fazem, partindo do pressuposto de que um líder pode ser estimula. Os líderes têm o poder de conduzir ao sucesso ou ao fracasso. Uma liderança que se faz forte, independente de seu estilo, é capaz de influenciar e modificar todo o funcionamento de um país, de um Estado, de uma cidade.

* Wagner Casemiro é Secretário Municipal de Habitação de Atibaia, Professor Universitário Especialista em Administração, Contabilidade e Economia e Representante do CRA – Conselho Regional de Administração Atibaia.