Organizações de mídia discutiram diretrizes e uso ético da Inteligência Artificial
Respeito à propriedade intelectual é foco de documento organizado por mercados editoriais e de jornalismo. Objetivo é criar convergência de inovação e desenvolvimento ético da IA. Ao todo, 26 organizações de mídia globais, representando milhares de profissionais de todo o mundo, incluindo editoras de notícias, entretenimento, revistas e livros, bem como a indústria editorial acadêmica, lançaram o documento “Princípios Globais para Inteligência Artificial (IA)”. O documento estabelece conjunto de diretrizes para uso ético da IA na indústria da mídia, com foco em garantir a equidade, a transparência e a responsabilidade. Entre os veículos que assinaram o documento está a brasileira ANJ (Associação Nacional de Jornais), que tem como associados diversos veículos brasileiros.
A finalidade do texto é fornecer orientações para o desenvolvimento, implementação e regulamentação de sistemas e aplicativos de IA confiáveis. Segundo as organizações, garantir que o impacto da tecnologia no setor seja guiado por uma estrutura ética e responsável, sem comprometer a inovação. “Convidamos os órgãos reguladores a estabelecerem estruturas legais que impulsionam a inovação e criem novas oportunidades de negócios, garantindo que a IA se desenvolva de forma responsável e sustentável para os setores editorial e jornalístico, respeitando plenamente seus direitos de propriedade intelectual”, afirmou a diretora-executiva do Conselho Europeu de Editores, Angela Mills Wade.
A diretora acredita que o documento abre caminhos para “poderosa convergência de inovação e desenvolvimento ético da IA”. A iniciativa enfatiza a necessidade de garantir que os modelos de IA não sejam utilizados de maneira anticompetitiva, prejudicando o ramo criativo. Isso inclui evitar práticas como facilitar abusos de posição dominante, excluir concorrentes do mercado ou criar discriminação quando se trata do direito dos editores de escolher como seu conteúdo é usado. Além disso, a iniciativa destaca a importância do respeito aos direitos humanos, à privacidade dos usuários e às leis internacionais. O texto aponta para a “apropriação indevida e indiscriminada de nossa propriedade intelectual pelos sistemas de IA como antiética, prejudicial e uma violação de nossos direitos protegidos”.
A ampla concordância entre editores de todo o mundo sobre a importância de reconhecer e respeitar a propriedade intelectual foi destacada por Danielle Coffey, CEO da News Media Alliance. Ela entende que o conteúdo jornalístico e criativo de qualidade é resultado de investimentos significativos e deve ser valorizado. “Os desenvolvedores de tecnologia de IA generativa devem reconhecer e compensar os editores pelo valor que seu conteúdo agrega ao desenvolvimento desses sistemas”.