Dia Internacional da Mulher ainda é de lutas
Desde que foi instituído o Dia Internacional da Mulher em 1975, pela ONU (Organização das Nações Unidas), muitas foram as conquistas femininas nos mais diferentes campos. Mas ainda há um longo caminho a percorrer.
O relatório “Mulheres, Empresas e o Direito 2022”, do Banco Mundial, mostra que 178 países mantêm barreiras legais que impedem a plena participação econômica das mulheres; 95 países não garantem a remuneração igualitária para trabalho igual; e em 86 países, as mulheres enfrentam restrição ao mercado de trabalho.
Os dados mostram que, na América Latina, o Brasil tem nota 85 de 100 no índice do Banco Mundial, mesmo nível da Venezuela e atrás de outros 11 países da região.
Há progressos, é inegável, mas cerca de 2,4 bilhões de mulheres em todo o mundo têm menos oportunidades e direitos econômicos que os homens. Na área econômica, a diferença entre salários ainda é grande entre homens e mulheres, levando-se em conta apenas o desempenho da mesma função.
Estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado em março de 2021 mostra que as mulheres recebem, em média, 77,7% do montante auferido pelos homens. Nas funções e nos cargos que asseguram os maiores ganhos, a desigualdade é maior. Entre diretores e gerentes, as mulheres receberam 61,9% do rendimento dos homens. O percentual também foi alto no grupo dos profissionais da ciência e intelectuais: 63,6%.
Interessante que o estudo do IBGE mostra que a diferença de ganhos não está relacionada com um nível de instrução menor das mulheres. Elas, inclusive, são mais instruídas que os homens. Entre a população com 25 anos ou mais, 37,1% das mulheres não tinham instrução ou possuíam apenas fundamental incompleto. Entre os homens, esse percentual alcança 40,4%.A proporção de pessoas com nível superior completo é maior entre mulheres: 19,4% delas têm ensino superior. Já entre os homens, esse índice é 15,1%.
Mostrar dados do mercado de trabalho é apenas um dos exemplos de desigualdade. Há também questões sérias a serem superadas, como a violência contra a mulher e feminicídios.
A média brasileira nos primeiros seis meses de 2021 foi de quatro feminicídios por dia. Uma pesquisa feita pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com o Instituto Locomotiva informa que uma em cada 6 mulheres já sofreu tentativa de feminicídio no Brasil.
Casos de assédio sexual e violência sexual também são altos no país e as vítimas ainda encontram dificuldades para denunciar e punir os agressores.
O 8 de março é um momento para lembrar as inúmeras conquistas femininas e os avanços alcançados, mas é essencial que este mês de março, conhecido como o mês da mulher, possa significar mudanças e melhorias nas garantias de direitos.